São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Música

Acústico "fura fila" e adia CD de Paulinho da Viola

Compositor grava especial para MTV, a ser lançado em outubro deste ano

Registro de show da Fecap, em 2006, fica para depois; DVD terá duas inéditas, incluindo parceria com Marisa Monte e Arnaldo Antunes

João Sal - 18.jun.2007/Folha Imagem
Paulinho da Viola gravou em São Paulo na semana passada


RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulinho da Viola, 64, ficou quatro anos sem lançar disco, 11 sem nenhum só de inéditas. Daí, quando estava com um álbum "praticamente pronto", veio um convite para um "Acústico MTV" e furou a fila.
O argumento de registrar uma apresentação sua em DVD, conta, foi decisivo. "Estou em outros, como o que saiu neste ano [o especial da Globo, de 1980, que entrou na "Série Grandes Nomes'], mas nunca tinha gravado especialmente para DVD", diz o sambista. O material será lançado em outubro também em CD (pela Sony-BMG) e como especial de TV.
Mas o repertório não é naturalmente acústico? Paulinho ri. "É, não está tão diferente." Nas gravações, na terça e na quarta-feira da última semana, em São Paulo, somaram-se à sua banda (da qual faz parte seu filho, João Rabello) apenas mais cordas, sopros e um coro feminino.
O "Acústico" empurrou para a fila de espera o registro da temporada no teatro Fecap, em São Paulo, em 2006. "Eu queria lançar agora. Mas pode aguardar um pouco, é atemporal."
Foram adiados também os planos de produzir um disco só de músicas novas -o primeiro desde "Bebadosamba", de 1996. "Faz três anos que penso nesse disco inteiro de inéditas. Tenho muita coisa pronta, mas agora não dá. Acredito que em um ano eu tenha isso organizado."

Standards
No show da Fecap, o destaque eram sambas menos conhecidos e, em boa parte, apenas instrumentais. No "Acústico", Paulinho entendeu, não teria como fugir dos standards.
"Eles me explicaram que a MTV tem muito os sucessos do artistas. Então, eu deveria ter umas 15 músicas conhecidas e mais uma ou outra inédita."
Assim, dois sambas que estreariam no CD da Fecap acabarão tendo seu primeiro registro na voz de Paulinho neste "Acústico": "Ainda Mais", letra do carioca com melodia de Eduardo Gudin, e "Talismã", que ganhou versos de Marisa Monte e Arnaldo Antunes.
"Era para ser uma provocação. Porque, você sabe, o Arnaldo e eu, a gente faz coisas diferentes. Falei: "Marisa, vou deixar com você uma música mais tradicional. Diz pro Arnaldo pôr a letra, só para ver a reação". Deu uma semana, ela ligou e disse que estava pronto, e que ela tinha entrado na parceria".
Os amigos foram mais rápidos que o próprio Paulinho, que demorou "um tempinho... uns dez anos, mais ou menos" para dar a letra de "Ainda Mais" a Gudin. "É que não sou letrista profissional, que é aquele que vai cantando e escrevendo. Para mim, fazer letra é difícil", diz.

Sem convidados
No público do "Acústico", nas gravações de quarta-feira, Antunes e Gudin não sobem ao palco. Paulinho achou melhor não chamar convidados para não "chatear ninguém."
Sozinho, começa com "Timoneiro" (dele com Hermínio Bello de Carvalho), segue com "Coração Leviano", "Amor É Assim", e empaca em "Para um Amor no Recife". Tenta uma, duas, três vezes. Da terceira, tudo certo. Tudo? "Se vocês não ficarem aborrecidos, gostaria de fazer de novo... Acho que posso fazer melhor", diz.
A certa altura, Paulinho avisa: "Olha, se quiserem fazer um corinho, é legal" -é a deixa para "Dança da Solidão" (e mais uma leva de recomeços). Ao fim de "Pecado Capital", ele olha para Dininho, o baixista. "Quando ele começa a rir, é porque sabe que alguém errou", diz, e sorri. "E, quando erra, o que você faz?". Gargalhadas na banda. Paulinho se desculpa, de novo: "Isso de gravação não é brincadeira, não."
Em "Argumento", ninguém se entende. "Repete três ou quatro vezes o final?" "Não faz pergunta difícil!". "Pode ser quatro?". Ao fim, todos param e o cavaquinho de Paulinho continua. "Eu queria fazer mais uma vez...", explica.
"Nervos de Aço" vem após outra explanação -Paulinho descobriu que cantara a música de Lupicínio Rodrigues "errado" (menos arrastada que a original) desde que a gravou, em 1973. Perfeccionista, pede desculpas, de novo, e canta "certo".
Só na quarta-feira, foram duas horas e 40 de gravações. O resultado ele ainda não viu. "Mas o bom é que, se precisar, dá para retocar", conta.


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