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Saudosista, Pearl Jam busca leveza
Em "Backspacer", grupo deixa política de lado e investe em músicas curtas que refletem olhar para o passado, diz guitarrista
"É um disco otimista, energético e agressivo", afirma o integrante Stone Gossard; grupo completa 20 anos de existência em 2010
Steve Gullick/Divulgação
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A partir da esq., os integrantes do Pearl Jam: Mike McCready, Eddie Vedder, Matt Cameron, Jeff Ament e Stone Gossard; grupo lança seu nono álbum, que chega às lojas em 21 de setembro
BRUNO YUTAKA SAITO
ENVIADO ESPECIAL A SEATTLE
As paredes estão repletas de
quadros com certificados de
disco de ouro, ainda dos tempos em que a indústria fonográfica vivia dias menos tensos.
"Ten" (1991), "Vs." (1993) e
"Vitalogy" (1994) são apenas alguns dos álbuns do Pearl Jam
que estão lá, pendurados como
se fossem troféus, em sala do
escritório da banda, em Seattle.
Um grupo de jornalistas do
mundo inteiro, incluindo a Folha, ouviu, em primeira mão, o
novo trabalho da banda,
"Backspacer", que chega às lojas em 21 de setembro.
Esses nobres enfeites de parede são também o retrato de
uma era que teve seu apogeu e
declínio, os dias do grunge, no
começo dos anos 1990.
Principal remanescente dessa cena musical, que teve o Nirvana como outro grande expoente, o Pearl Jam não quer,
no entanto, virar relíquia de
museu. Eles completam duas
décadas de existência em 2010
e os integrantes estão na faixa
dos 40 anos. Talvez nem se
lembrem mais de seus primórdios, de banda underground,
quando o vocalista, Eddie Vedder, era apenas um ex-frentista
de posto de gasolina.
Hoje eles são uma grande
corporação do rock com status
de veteranos: lotam estádios no
mundo inteiro e se envolvem
em causas humanitárias, à moda do U2. No bairro de Georgetown, em Seattle, está o espaçoso escritório do grupo, que
também serve de local de ensaios. O Pearl Jam não disfarça
que é grande empresa.
"O que me motiva hoje? Por
um lado, sou músico, artista e
quero sempre criar coisas novas e ir para a frente", diz o guitarrista Mike McCready, 43.
"Mas também tenho que me
lembrar de que a banda é um
negócio. Há a motivação para
eu manter casa e família não
apenas minhas, mas as dos funcionários que trabalham aqui."
Mesmo assim, eles tentam
não fazer música burocrática.
"Backspacer" é um disco curto
e grosso, com pouco mais de 30
minutos de duração e 11 músicas. O tom urgente, roqueiro,
guia o disco. "Gonna See My
Friend" e "Supersonic" nos fazem lembrar que não apenas o
rock "clássico" de Neil Young,
mas também o punk do Ramones, é fonte de inspiração.
"Quisemos ir direto ao ponto", explica o também guitarrista Stone Gossard, 43. "Tivemos
uma tendência, no passado, de
fazer músicas longas. É divertido ir na direção oposta agora,
fazer canções concisas, pop."
Gossard diz que a urgência
sonora pode ser relacionada
com a euforia da eleição de Barack Obama -o Pearl Jam não
cansou de atacar a administração George W. Bush. "Mas este
não é um disco político. As letras são sobre histórias pessoais, o planeta e a existência",
afirma Gossard.
McCready explica o título do
disco. ""Backspacer" é uma referência à tecla das antigas máquinas de escrever. Tem a ver
com voltar, olhar para trás e ver
a sua vida em retrospectiva."
Os dois guitarristas dizem
que é inevitável não relembrar
o passado. "Qualquer pessoa,
aos 40, começa a pensar mais
sobre a família, a infância e os
velhos amigos", diz Gossard.
"Mas continuamos no mesmo
estado de espírito de antes, de
não pensar muito sobre o que
estamos fazendo."
E agora, prestes a completar
20 anos de banda, o que pensam sobre o "grunge"? Seattle,
enfim, não é mais o epicentro
da música pop do planeta, e é
raro encontrar alguém nas ruas
da cidade vestindo camisas de
flanela ou ouvir o Alice in
Chains tocando em bares.
""Grunge" é uma palavra boa.
Não sabíamos que o que fazíamos era grunge. É o termo exato para descrever o som do Mudhoney [banda de Seattle] e
ajudou as pessoas a entenderem o que era essa música suja,
fedorenta, que prestava tributo
ao amadorismo. Mas tudo foi
apenas uma manifestação do
espírito punk", diz Gossard. No
espírito ligeiro do disco,
McCready resume: "Não importa a definição, é tudo rock".
O jornalista BRUNO YUTAKA SAITO viajou a
convite da Universal Music
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