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Livros contam história da ópera na Amazônia
Com 6 volumes, coleção coordenada por Márcio Páscoa aborda aspectos estéticos e traz partituras de 5 criações
Com tiragem de 2.000 exemplares, títulos não estão à venda, mas serão distribuídos em instituições de ensino e bibliotecas
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tendo galvanizado a imaginação do cineasta Werner Herzog em "Fitzcarraldo" (1982), e
sido sede dos únicos festivais
brasileiros dedicados ao gênero
lírico, a Amazônia produziu, do
século 19 para o 20, compositores de ópera cujas obras são
resgatadas na coleção "Óperas
Amazônicas", seis volumes de
estudos e partituras coordenados por Márcio Páscoa.
Dois dos livros, "Ópera em
Belém" e "Ópera em Manaus",
se concentram em aspectos
históricos e estéticos. Os outros
trazem partituras de cinco criações restauradas a partir de
manuscritos da Biblioteca Nacional (RJ), da Biblioteca Alberto Nepomuceno (UFRJ), do
Instituto Carlos Gomes (Belém) e do Museu da Universidade Federal do Pará -"Bug
Jargal" e "Jara", de José Cândido da Gama Malcher (1853-1921); "Idalia", de Henrique
Eulálio Gurjão (1834-1885);
"Gli Eroi", de Meneleu Campos
(1872-1927) e "Calabar", de Elpídio Pereira (1872-1961).
Únicas partituras da coleção
disponíveis para orquestra (as
outras foram editadas em redução para canto e piano), as óperas de Gama Malcher mereceram encenação moderna.
O Festival de Ópera do Teatro da Paz, em Belém, montou
"Bug Jargal" em 2005, encenando "Jara" no ano seguinte.
Cantadas em italiano, remetem
ao idioma musical da ópera naquele país depois de Verdi.
Com alguns achados de orquestração e momentos de força dramática, as óperas ajudaram a recolocar no mapa da
música nacional o nome de Gama Malcher, paraense formado
em engenharia na Pensilvânia
(EUA), que se aperfeiçoou em
música no Conservatório de
Milão e atuou no Brasil como
pianista, regente e divulgador
da obra de Carlos Gomes.
Os títulos da coleção concentram-se na época de esplendor
econômico do período da borracha (1850-1910). Embora haja relatos de uma Casa de Ópera
em Belém desde o século 18, foi
durante a febre borracheira
que se inauguraram os teatros
amazônicos ativos até hoje: na
capital paraense, o teatro da
Paz (1878), e, em Manaus, o teatro Amazonas (1896).
A atividade operística nas casas cessou bruscamente com o
fim da prosperidade da borracha, sendo retomada atualmente com a criação, em Manaus, em 1998, do Festival
Amazonas de Ópera (1997) e,
em Belém, do Festival de Ópera
do Teatro da Paz (2002, atualmente Festival Internacional
de Ópera da Amazônia).
Lançados pela Editora Valer,
com patrocínio da Petrobras e
do Ministério da Cultura, e
apoio da Universidade Estadual da Amazonas e da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Amazonas, os 2.000
exemplares não estão à venda,
mas serão distribuídos gratuitamente para instituições de
ensino e bibliotecas, que devem
solicitá-los pelo e-mail opera.amazonia@gmail.com
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