São Paulo, segunda-feira, 03 de agosto de 2009

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Livros contam história da ópera na Amazônia

Com 6 volumes, coleção coordenada por Márcio Páscoa aborda aspectos estéticos e traz partituras de 5 criações

Com tiragem de 2.000 exemplares, títulos não estão à venda, mas serão distribuídos em instituições de ensino e bibliotecas

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tendo galvanizado a imaginação do cineasta Werner Herzog em "Fitzcarraldo" (1982), e sido sede dos únicos festivais brasileiros dedicados ao gênero lírico, a Amazônia produziu, do século 19 para o 20, compositores de ópera cujas obras são resgatadas na coleção "Óperas Amazônicas", seis volumes de estudos e partituras coordenados por Márcio Páscoa.
Dois dos livros, "Ópera em Belém" e "Ópera em Manaus", se concentram em aspectos históricos e estéticos. Os outros trazem partituras de cinco criações restauradas a partir de manuscritos da Biblioteca Nacional (RJ), da Biblioteca Alberto Nepomuceno (UFRJ), do Instituto Carlos Gomes (Belém) e do Museu da Universidade Federal do Pará -"Bug Jargal" e "Jara", de José Cândido da Gama Malcher (1853-1921); "Idalia", de Henrique Eulálio Gurjão (1834-1885); "Gli Eroi", de Meneleu Campos (1872-1927) e "Calabar", de Elpídio Pereira (1872-1961).
Únicas partituras da coleção disponíveis para orquestra (as outras foram editadas em redução para canto e piano), as óperas de Gama Malcher mereceram encenação moderna.
O Festival de Ópera do Teatro da Paz, em Belém, montou "Bug Jargal" em 2005, encenando "Jara" no ano seguinte. Cantadas em italiano, remetem ao idioma musical da ópera naquele país depois de Verdi.
Com alguns achados de orquestração e momentos de força dramática, as óperas ajudaram a recolocar no mapa da música nacional o nome de Gama Malcher, paraense formado em engenharia na Pensilvânia (EUA), que se aperfeiçoou em música no Conservatório de Milão e atuou no Brasil como pianista, regente e divulgador da obra de Carlos Gomes.
Os títulos da coleção concentram-se na época de esplendor econômico do período da borracha (1850-1910). Embora haja relatos de uma Casa de Ópera em Belém desde o século 18, foi durante a febre borracheira que se inauguraram os teatros amazônicos ativos até hoje: na capital paraense, o teatro da Paz (1878), e, em Manaus, o teatro Amazonas (1896).
A atividade operística nas casas cessou bruscamente com o fim da prosperidade da borracha, sendo retomada atualmente com a criação, em Manaus, em 1998, do Festival Amazonas de Ópera (1997) e, em Belém, do Festival de Ópera do Teatro da Paz (2002, atualmente Festival Internacional de Ópera da Amazônia).
Lançados pela Editora Valer, com patrocínio da Petrobras e do Ministério da Cultura, e apoio da Universidade Estadual da Amazonas e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, os 2.000 exemplares não estão à venda, mas serão distribuídos gratuitamente para instituições de ensino e bibliotecas, que devem solicitá-los pelo e-mail opera.amazonia@gmail.com


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