São Paulo, segunda, 3 de agosto de 1998

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Direitos humanos viram peça de teatro de bonecos no RS

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Um relatório parlamentar sobre violações aos direitos humanos servirá de argumento para uma peça teatral de bonecos no Rio Grande do Sul.
O documento é o "Relatório Azul", divulgado anualmente pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa gaúcha. O grupo de teatro que executará o projeto é o gaúcho Julieta e os Metabonecos, que recentemente encerrou temporada em Belo Horizonte com a peça "Maria Farrar", de Bertolt Brecht.
A expectativa é de que a peça, cujo título será "Rapsódia Azul", entre em cartaz até dezembro, sendo apresentada em teatros, escolas, fábricas e bairros.
O conteúdo da peça será dividido em sete capítulos temáticos (infância, saúde, trabalho, velhice, cidadania, discriminações e encarcerados), segundo o diretor e ator Júlio Saraiva.
"Não seremos panfletários. Nosso objetivo é provocar o debate", disse Saraiva. "Queremos mostrar a realidade, e o relatório é muito rico. Pretendemos retratar a brutalidade do cotidiano", afirmou a atriz Ana Tereza Pereira Neto.
O Relatório Azul é composto de 516 páginas e traz depoimentos de autoridades no setor de direitos humanos.
O presidente da Anistia Internacional no Brasil, Ricardo Brisolla Balestreri, diz que "o Relatório Azul vem nos dar uma triste notícia: a de que não somos civilizados".
"Para nós, não deixa de ser motivo de orgulho que muitos daqueles a quem se atribui facilmente a condição de objetos, quando não a de seres desprezíveis, tenham encontrado no relatório motivos de esperança", disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos do Legislativo gaúcho, Marcos Rolim (PT).



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