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Literatura de programa
Fenômeno de vendas, livro de Bruna Surfistinha é exportado para vários países, ganha versão no cinema e impulsiona no Brasil filão de diários de ex-prostitutas
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Era o que faltava para Bruna
Surfistinha, a "Paulo Coelho"
do sexo. Depois de vender 140
mil exemplares de seu livro e
exportá-lo para vários países, a
ex-prostituta terá sua vida retratada nas telas do cinema.
O argumento a partir do qual
o roteiro será escrito é assinado
por Karim Aïnouz, diretor e roteirista do badalado "Madame
Satã" (2002), que consagrou o
ator Lázaro Ramos. A produtora TV Zero, responsável pelo
longa, prevê a estréia para o segundo semestre de 2007.
A grife do cineasta atesta que Surfistinha já deixou de ser um fenômeno restrito à programação
mais "trash" da televisão.
Menos de um ano após o lançamento, seu livro, "O Doce Veneno de Escorpião" (ed. Panda
Books) crava resultados surpreendentes para o mercado
editorial brasileiro e é considerado precursor do recente e lucrativo filão dos diários de ex-garotas de programa.
De carona no sucesso de Surfistinha, chegaram às livrarias
do país "A Agenda de Virgínia",
de uma ex-prostituta espanhola e "O Diário de Marise", de
uma garota de programa recém-aposentada de Balneário
Camboriú, em SC.
São livros em tom confessional com dramas familiares
-especialmente com o pai-,
histórias dos "bastidores" da
prostituição e relatos minuciosos das variadas experiências
com clientes. Têm um traço de
auto-ajuda visto que, ao final,
todas conseguem deixar a "vida
fácil". O filão atrai leitores variados: homens, obviamente,
mulheres casadas em busca de
segredos da alcova e até adolescentes, interessados pelo lado
"aventureiro" das moças.
O fenômeno não é exclusivo
do Brasil. Há diários de ex-prostitutas das mais diversas
nacionalidades. Mas os 140 mil
exemplares de Surfistinha surpreenderam as editoras brasileiras, que raramente conseguem vendagem superior a 10
mil. Os direitos já foram vendidos para os mais diferentes países. Acompanhe a lista: EUA,
Inglaterra, Nova Zelândia, Canadá, França, Espanha, Itália,
Alemanha, Holanda, Coréia do
Sul, Turquia e Vietnã.
No final do ano, Raquel Pacheco (o verdadeiro nome de
Surfistinha), 21, fará uma turnê
por alguns desses países. Ela já
esteve em capitais da América
Latina, onde uma versão em espanhol foi lançada pela Planeta
(nova editora de Paulo Coelho),
que também distribuiu o livro à
comunidade hispânica dos
EUA. Desde março, 32 mil
exemplares foram comprados
pelos latinos. No mesmo mês, a
Planeta trouxe "A Agenda de
Virgínia" ao Brasil. Best-seller
na Espanha com mais de 400
mil cópias vendidas, chegou às
5.000 nas livrarias brasileiras,
bom resultado para quem nunca freqüentou a mídia nacional.
Foi superior o desempenho
de "O Diário de Marise" (ed.
Matrix), divulgado por sua autora, Vanessa de Oliveira, 31, do
"Programa do Jô" ao de Luciana Gimenez. Em dois meses, ultrapassa 15 mil exemplares.
O filão da "literatura de programa" vende tanto que já
"abre o leque". Na quinta-feira,
foi lançado "Depois do Escorpião - Uma História de Amor,
Sexo e Traição" (ed. Seoman). A
autora, Samantha Moraes, 30, é
ex-mulher do atual namorado
de Surfistinha e decidiu se
aproveitar do fato de ter sido
trocada pela famosa prostituta.
O relato saiu com a primeira tiragem (5.000) já esgotada.
Como se não bastasse, a precursora da onda lançará em outubro sua segunda "obra", "Tudo o que Aprendi com Bruna
Surfistinha - Lições de uma Vida Nada Fácil". Mais: chega às
lojas neste mês um audiolivro,
com pouco mais de uma hora,
em que ela narra histórias
"quentes" que não entraram
em "O Doce Veneno".
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