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Crítica
Irons brilha em "Reverso da Fortuna"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quanto mais o tempo passa,
mais "O Reverso da Fortuna"
(Telecine Emotion, 23h50) parece um filme digno de estima.
Lá, o milionário Claus von Bullow é acusado de tentar assassinar sua mulher, Sunny -que
tem morte cerebral- , e devidamente processado por isso.
A fortuna do filme começa
pela escolha do elenco. Jeremy
Irons, que interpreta Von Bullow, estava no auge de sua carreira e podia ser tudo o que
queriam os que o acusavam:
frio, caçador de dotes, calculista e, pior que tudo, inglês. Ou
seja, dotado tanto de capacidade intelectual suficiente para
arquitetar a morte de uma pessoa da família quanto de audácia para passar ao ato.
Mas nenhum gesto de Irons
vai nessa direção sem que o seguinte o contradiga. Ele é atento à mulher, paciente com suas
infinitas carências. Um canalha, sem dúvida, mas não necessariamente um assassino.
Claus sabe que a culpabilidade e a inocência são produto de
uma imagem que se cria. Mas,
criminoso ou não, ele tem a integridade de não ceder ao jogo
das aparências. Seu advogado
terá de se virar com isso.
O filme de Barbet Schroeder
é bom desde que foi feito, em
1990. Poucos duvidam disso.
Mas o correr do tempo terminou por tornar ainda mais fascinante a personalidade de Von
Bullow, sobretudo em sua relação com o advogado Alan Dershowitz (Ron Silver), para quem
defendê-lo consiste, em grande
parte, em descobrir quem é
efetivamente esse homem.
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