São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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Crítica

Irons brilha em "Reverso da Fortuna"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quanto mais o tempo passa, mais "O Reverso da Fortuna" (Telecine Emotion, 23h50) parece um filme digno de estima. Lá, o milionário Claus von Bullow é acusado de tentar assassinar sua mulher, Sunny -que tem morte cerebral- , e devidamente processado por isso.
A fortuna do filme começa pela escolha do elenco. Jeremy Irons, que interpreta Von Bullow, estava no auge de sua carreira e podia ser tudo o que queriam os que o acusavam: frio, caçador de dotes, calculista e, pior que tudo, inglês. Ou seja, dotado tanto de capacidade intelectual suficiente para arquitetar a morte de uma pessoa da família quanto de audácia para passar ao ato.
Mas nenhum gesto de Irons vai nessa direção sem que o seguinte o contradiga. Ele é atento à mulher, paciente com suas infinitas carências. Um canalha, sem dúvida, mas não necessariamente um assassino.
Claus sabe que a culpabilidade e a inocência são produto de uma imagem que se cria. Mas, criminoso ou não, ele tem a integridade de não ceder ao jogo das aparências. Seu advogado terá de se virar com isso.
O filme de Barbet Schroeder é bom desde que foi feito, em 1990. Poucos duvidam disso. Mas o correr do tempo terminou por tornar ainda mais fascinante a personalidade de Von Bullow, sobretudo em sua relação com o advogado Alan Dershowitz (Ron Silver), para quem defendê-lo consiste, em grande parte, em descobrir quem é efetivamente esse homem.


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