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CRÍTICA DRAMA
Sensação de artificialidade recai sobre história espírita de discurso doutrinário
ALEXANDRE AGABITI
FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Religião com muitos adeptos no Brasil, o espiritismo
tem cada vez mais força na
produção audiovisual como
tema de filmes e novelas.
Adaptação do romance homônimo e clássico da literatura espírita psicografado
por Chico Xavier na década
de 1940, "Nosso Lar" custou
cerca de R$ 20 milhões, fazendo dele um dos filmes
mais caros da história do cinema brasileiro.
A narrativa está centrada
na jornada espiritual de André Luiz, um bem-sucedido
médico carioca. Depois da
morte, ele acorda em um lugar sombrio chamado umbral -uma espécie de purgatório-, e de lá vai ao Nosso
Lar -uma espécie de paraíso-, colônia espiritual onde
tudo é luz, serenidade e altruísmo.
O tom doutrinário assumido pelo filme, que se manifesta essencialmente pelas
falas e atos dos habitantes de
Nosso Lar, predomina, deixando em segundo plano as
questões que atormentam
André Luiz em sua chegada à
colônia. A ênfase recai sobre
seu processo de aprendizagem dos valores espíritas.
Mas os milhões gastos não
escondem os problemas do
filme. Responsáveis por boa
parte do orçamento, os efeitos especiais colaboram para
reiterar a sensação de artificialidade dos espaços.
O umbral é descrito a partir dos clichês do filme de
horror. Já o aspecto da colônia espiritual bebe na fonte
da ficção científica, com prédios, transportes e comunicações que se querem avançadíssimos. Tudo banhado
por enormes quantidades de
luz, sem falar das "ondas" esverdeadas que emanam das
mãos dos que curam.
Essa falta de naturalidade
reverbera também no trabalho dos atores, que parecem
recitar falas tão pomposas
quanto piegas, que às vezes
fazem rir. É uma pena, pois o
elenco reúne figuras como
Othon Bastos, Paulo Goulart
e Fernando Alves Pinto.
Wagner de Assis parece não
ter aprendido grande coisa
em matéria de roteiro e direção de atores desde o fracasso de "A Cartomante" (2004),
seu filme de estreia.
NOSSO LAR
DIREÇÃO Wagner de Assis
PRODUÇÃO Brasil, 2010
COM Renato Prieto, Othon Bastos
ONDE nos cines Eldorado, Livraria
Cultura, Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO ruim
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