São Paulo, sábado, 03 de setembro de 2011

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Filme investiga relação de Freud e Jung

"A Dangerous Method", de David Cronenberg, fala da amizade e rivalidade entre os dois mestres da psicanálise

Econômico e discreto, filme teve recepção comedida em exibição ontem na 68ª edição do Festival de Veneza


MARIANE MORISAWA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM VENEZA

Como na psicanálise, a revelação de "A Dangerous Method" (um método perigoso)dá-se aos poucos.
O filme de David Cronenberg, exibido em sessão de imprensa na manhã de ontem, dentro da competição do 68º Festival de Veneza, fala da amizade e da rivalidade entre Carl Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen).
Fala também do abalo das convicções de Jung por conta de seu relacionamento extraconjugal com a paciente Sabina Spielrein (Keira Knightley) e profissional com o também psicanalista Otto Ross (Vincent Cassel).
Econômico e discreto, inclusive nas atuações, à exceção de Keira Knightley, o diretor vai superpondo camadas densas sobre as complexas personalidades e suas relações complicadas. Talvez por isso, a recepção da plateia tenha sido comedida.
O longa é baseado na peça "The Talking Cure", de Christopher Hampton, também autor do roteiro, que buscou nas cartas trocadas entre os personagens material de criação.
"Nessa época, havia de cinco a oito entregas postais por dia. Era como o e-mail, antes de ele existir", disse o diretor.
Para o ator Michael Fassbender, o roteiro era tão denso que não foi preciso fazer pesquisa. "Eu me concentrei nele. Era como uma peça musical, só depois de muitas repetições ou leituras comecei a apreendê-lo."
Mortensen afirmou não ter pensado muito sobre o peso de interpretar uma personalidade desse quilate.
"Atrapalha e torna a experiência muito menos divertida. E David sabia muito sobre o tema. Outros diretores poderiam sentir o peso. Mas ele não fez um exercício acadêmico, focou nas relações, nas emoções, nas diferenças."
Sobre as diferenças entre os dois, aliás, Cronenberg admitiu que é mais favorável a Freud. "Nos últimos anos, há uma volta a ele, porque pesquisas recentes demonstram que estava certo. Jung seguiu uma vertente mais religiosa. Freud era outra coisa."


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