São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2007

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A dona da cultura

Eliane Costa gerencia as fartas receitas de patrocínio da Petrobras, que dão suporte às idéias do ministro Gilberto Gil

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Nunca na história deste país a cultura esteve entregue a alguém tão conhecido quanto Gilberto Gil. Mas, em vários pontos do Brasil em que chega para dar palestras ou participar de eventos, Eliane Costa é chamada de "a verdadeira ministra da Cultura".
Só em 2006 a gerente de patrocínios da Petrobras contou com R$ 288 milhões para apoiar projetos, sendo R$ 90 milhões para bancar iniciativas do Ministério da Cultura. No ano passado, o MinC teve dotação de R$ 661 milhões, valor que não dá para muito mais do que manter sua estrutura. Sem a Petrobras, Gil pouco faria.
"Só se eu fosse vaidosíssima para entrar numa armadilha dessas. Estamos fortalecendo, não substituindo o ministério. O que houve de mais positivo nos últimos quatro anos foi a sintonia da ação da Petrobras na cultura com a política pública do ministério. Seria uma pena gastar R$ 288 milhões num ano sem haver essa sintonia", afirma Costa, desde agosto de 2003 na função.
"Eliane Costa tem sido peça-chave na sinergia do MinC com a Petrobras. Ela vem demonstrando competência e compromisso com as políticas culturais do MinC", disse Gil, por e-mail.
É difícil duvidar da pouca vaidade dessa carioca de 54 anos, física que fez carreira na informática da Petrobras, onde entrou em 1974. Ela não costuma aparecer na imprensa, nega ter pretensões políticas e diz não querer nem mesmo uma das cobiçadas diretorias da maior empresa pública brasileira.
"Não vejo outro lugar no mundo que me fizesse mais feliz do que este aqui", diz Costa, na pequena sala que ocupa no amplo 12º andar do prédio da Petrobras, no centro do Rio.
Durante a conversa com a Folha e por e-mail, Costa manifestou algumas vezes a preocupação de não ser "glamourizada". Quer se manter discreta, por estilo e medo do que possa suscitar. Mesmo sendo pouco conhecida, já é bastante invejada pelo posto que ocupa.
Para não misturar muito o que chama de suas "duas personalidades", ela não aceitou posar para fotos tocando seu cavaquinho. Instrumentista diletante, fundou há 14 anos com seu irmão o bloco Escravos da Mauá, que ajudou a revitalizar a zona portuária do Rio. "Em vez de continuar fazendo sambas para outros blocos, resolvemos fazer um bloco para os nossos sambas", conta.
O Escravos, que reúne cerca de 20 mil pessoas no Carnaval, retomou as atividades na última sexta-feira. Foi gravado um DVD do bloco -que nunca recebeu dinheiro da Petrobras.


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