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A dona da cultura
Eliane Costa gerencia as fartas receitas de patrocínio da Petrobras, que dão suporte às idéias do ministro Gilberto Gil
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Nunca na história deste país
a cultura esteve entregue a alguém tão conhecido quanto
Gilberto Gil. Mas, em vários
pontos do Brasil em que chega
para dar palestras ou participar
de eventos, Eliane Costa é chamada de "a verdadeira ministra
da Cultura".
Só em 2006 a gerente de patrocínios da Petrobras contou
com R$ 288 milhões para
apoiar projetos, sendo R$ 90
milhões para bancar iniciativas
do Ministério da Cultura. No
ano passado, o MinC teve dotação de R$ 661 milhões, valor
que não dá para muito mais do
que manter sua estrutura. Sem
a Petrobras, Gil pouco faria.
"Só se eu fosse vaidosíssima
para entrar numa armadilha
dessas. Estamos fortalecendo,
não substituindo o ministério.
O que houve de mais positivo
nos últimos quatro anos foi a
sintonia da ação da Petrobras
na cultura com a política pública do ministério. Seria uma pena gastar R$ 288 milhões num
ano sem haver essa sintonia",
afirma Costa, desde agosto de
2003 na função.
"Eliane Costa tem sido peça-chave na sinergia do MinC com
a Petrobras. Ela vem demonstrando competência e compromisso com as políticas culturais
do MinC", disse Gil, por e-mail.
É difícil duvidar da pouca vaidade dessa carioca de 54 anos,
física que fez carreira na informática da Petrobras, onde entrou em 1974. Ela não costuma
aparecer na imprensa, nega ter
pretensões políticas e diz não
querer nem mesmo uma das
cobiçadas diretorias da maior
empresa pública brasileira.
"Não vejo outro lugar no
mundo que me fizesse mais feliz do que este aqui", diz Costa,
na pequena sala que ocupa no
amplo 12º andar do prédio da
Petrobras, no centro do Rio.
Durante a conversa com a
Folha e por e-mail, Costa manifestou algumas vezes a preocupação de não ser "glamourizada". Quer se manter discreta,
por estilo e medo do que possa
suscitar. Mesmo sendo pouco
conhecida, já é bastante invejada pelo posto que ocupa.
Para não misturar muito o
que chama de suas "duas personalidades", ela não aceitou posar para fotos tocando seu cavaquinho. Instrumentista diletante, fundou há 14 anos com
seu irmão o bloco Escravos da
Mauá, que ajudou a revitalizar
a zona portuária do Rio. "Em
vez de continuar fazendo sambas para outros blocos, resolvemos fazer um bloco para os
nossos sambas", conta.
O Escravos, que reúne cerca
de 20 mil pessoas no Carnaval,
retomou as atividades na última sexta-feira. Foi gravado um
DVD do bloco -que nunca recebeu dinheiro da Petrobras.
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