"Vou voltar a todo vapor"

Danilo Verpa - 07.abr.2007/Folha Imagem

 

FOLHA - Vai ter vida pessoal?
SOBEL - Vai ter um capítulo sobre minha vida particular, outro sobre os mecanismos políticos da comunidade judaica no Brasil, um terceiro sobre o meu relacionamento com o papa João Paulo 2º.

FOLHA - Vai tocar no incidente das gravatas furtadas em Miami?
SOBEL - Aquilo não tem nada a ver com a minha biografia.

FOLHA - Não é importante algo que o afastou temporariamente da CIP (Congregação Israelita Paulista)?
SOBEL - Você tem toda razão. Faz parte de uma história abrangente e não me referir a isso seria uma omissão. Eu preciso pensar nisso.

FOLHA - O livro tem nome?
SOBEL - "Sobel". Os meus oponentes alegam que eu sou muito modesto. Então, resolvi que o livro se chamaria assim. Na verdade, tenho mesmo muitos motivos para ser modesto.

FOLHA - Exemplo?
SOBEL - Aquela falha de comportamento, em março [o furto das gravatas], revelou uma deficiência moral. Se bem que eu não estava consciente, tanto que fiz tratamento de desintoxicação de medicamentos. Mas a doença [o rabino sofre de mal de Alzheimer] não foi suficiente para eu aceitar os fatos.

FOLHA - O número de casamentos que o sr. fazia diminuiu?
SOBEL - Continuo ocupadíssimo. Os que apoiavam o rabino Sobel antes, continuam depois. Os que faziam oposição continuam fazendo, justificando, assim, a oposição. Capisco?

FOLHA - Houve muita intriga?
SOBEL - Não só neste incidente, mas desde o tempo em que enfrentei a ditadura militar e decidi não ficar do lado dos que enterraram Vladimir Herzog como suicida. Em 37 anos, foram muitos incidentes.

FOLHA - O sr. continua afastado da Congregação Israelita Paulista?
SOBEL - Estamos em negociação. Ao que parece, vou retomar como rabino emérito e minha função será abrir caminho para uma nova geração de rabinos. Vou celebrar casamentos, bar mitzvahs e todas as cerimônias do ciclo da vida. Cogita-se a fundação do Instituto Henry Sobel, um centro de palestras, lançamentos de livros. Tipo um Instituto Fernando Henrique Cardoso, em escala modesta.

PAULO AUTRAN

Aplausos de pé para lágrimas de "verdade"

Paulo Autran foi o maior homenageado da festa do "3º Prêmio Bravo!", anteontem, na Sala São Paulo. Eleito o artista do ano, com 40% dos 4.716 votos dos internautas, teve camarim só para ele e, com o cigarro aceso, era reverenciado por quase todos os convidados. Ele subiu ao palco numa cadeira de rodas e emocionou a platéia ao receber o prêmio e dizer que "só chora quando personagem exige". "Mas tá difícil falar", disse, engasgado, com lágrimas nos olhos. Foi aplaudido de pé.

ELE VAI
O ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) voltou atrás e decidiu participar de reunião de empresários em Mendoza organizada por João Doria Jr. -líder do "Cansei", que foi interpretado como um movimento contrário ao governo Lula. Sarney tinha cancelado a participação argumentando que precisava comparecer ao lançamento de um de seus livros em NY. Adiou o lançamento e cancelou o cancelamento.

DEBATE
A renovação de concessões de televisão -entre elas, a da TV Globo -, que vencem na próxima sexta-feira, 5, está causando uma guerra surda no governo Lula. De um lado, assessores diretos do presidente, que despacham no Palácio do Planalto, "estranham" que a proposta de renovação ainda esteja no Ministério das Comunicações, de Hélio Costa. Dispostos a fazer um "debate" sobre as concessões, eles temem que a discussão seja interditada por causa da demora em enviar a matéria ao Planalto e, em seguida, ao Congresso, como prevê a Constituição.

DELÍRIO
No entendimento desses assessores de Lula, o decreto nº 52.795, de 1963, torna a renovação de uma TV automática até a sua apreciação, pelo Congresso, sem prazo para que isso ocorra. Costa estaria, assim, criando uma situação jurídica que permitiria que o assunto ficasse na gaveta por tempo indeterminado. A assessoria de Costa diz que isso é "um delírio" e que o pedido de renovação das concessões será enviado ao Planalto até a sexta-feira.

PIQUENIQUE NO BUSÃO
Os quatro músicos do Arctic Monkeys parecem preocupados em não "passar fome" no caminho de seus shows para o Tim Festival, em outubro. Eles pediram que o ônibus que levará a banda para as apresentações tenha seis pizzas grandes, 20 sanduíches e um estoque sortido de chocolates.

TUDO CRÊ
Vai ser de arromba o casamento de Michael Klein, das Casas Bahia, e de Maria Alice, ou "Mike e Ly", como eles assinam o convite para a festa, no dia 20. Cerca de 70 casais ficarão hospedados no Club Med de Trancoso, cidade onde realizará a cerimônia. "Somos feitos da mesma matéria: desejo, paixão, alegria, carinho, diversão", escreve Klein no convite. "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba, o amor a tudo transforma."

HUMILDE
A lista de presentes de casamento de Jacob Safra e Shari Finkelstein está disponível nas lojas Bloomingdale's, Crate&Barrel e Neiman Marcus, dos Estados Unidos. Entre as lembranças escolhidas pelos noivos: uma bandeja Christofle de R$ 2.800, uma jarra de água da Baccarat de R$ 1.170 e um prato Bernardaud Constance por R$ 1.128. Mas curiosamente a maior parte dos presentes tem preços bem acessíveis. Há potinhos com valores entre R$ 3,50 e R$ 5.

BOMBA HISTÓRICA
O presidente da Câmara Municipal de SP, Antonio Carlos Rodrigues, um dos mais empenhados em reduzir o poder do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental) para dar aos vereadores maior poder nas decisões do órgão, enviou 12 pedidos de tombamento ao conselho.