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Belo Horizonte comemora 50
anos do líder negro Evaldo Braga
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O cantor Evaldo Braga
(1947-1973), que completaria 50
anos no domingo passado, vai ganhar até o final do ano um documentário em vídeo sobre sua vida e
sua meteórica carreira.
Quando morreu, aos 25 anos, o
ex-menor abandonado Evaldo
Braga era conhecido como "ídolo
negro" graças aos 500 mil discos
vendidos em três anos de carreira e
a gravação de "Sorria, Sorria", seu
maior sucesso.
A idéia de fazer o documentário
nasceu como o trabalho de conclusão de curso de quatro estudantes
de radialismo da Universidade Federal de Minas Gerais, que conheceram a obra do cantor durante estágio em rádios da capital mineira.
O projeto cresceu e, no último
fim-de-semana, aconteceu em Belo Horizonte a estréia da banda It's
Only Evaldo Braga, cujo repertório é formado pelos maiores sucessos do cantor.
Para o cantor da banda e co-realizador do vídeo, Frederico Oliveira, 23, Braga é o maior dos cantores românticos.
"Apesar de ter sido imitado por
outros cantores, ele deixou uma
lacuna entre os fãs que até hoje não
foi preenchida", afirmou.
Segundo Oliveira, o sentimento
de rejeição que Braga carregava
desde a infância foi ampliado com
as críticas que sofria dos maiores
jornais do país.
"Alguns críticos diziam que ele
não sabia cantar. Os mesmos jornais deram a notícia de sua morte
nas páginas policiais."
Os três LPs e diversos compactos
que gravou estão atualmente fora
de catálogo e, segundo Oliveira,
existem apenas duas coletâneas
editadas em CD, já esgotadas.
Sonho
Evaldo Braga morreu sem realizar um sonho: conhecer a mãe. Já
famoso, ele lançou uma promoção
para que ela se apresentasse. Surgiram várias "mães", mas nenhuma
delas o convenceu.
Abandonado quando ainda era
bebê junto com o irmão mais velho, sabia apenas que seu pai tinha
o mesmo nome que ele e que a mãe
se chamava Benedita Braga.
Das ruas de Campos (RJ), sua cidade natal, foi para a Febem do
Rio, que, na época, se chamava
Serviço de Atendimento ao Menor. Para sobreviver, foi cozinheiro -função respeitada pelos internos mais fortes.
Na época de Febem, já sonhava
em ser cantor, mas foi como engraxate na porta da extinta rádio
Mayrink Veiga que conseguiu s
primeira oportunidade artística.
Um radialista o ouviu cantar e o
chamou para fazer um show no subúrbio do Rio.
Foi "cantor mascarado" no programa de Chacrinha. O sucesso
veio com o compacto "Só Quero"
e com o disco "Ídolo Negro". Lançou ainda em vida outro LP
-"Ídolo Negro - Volume 2".
Como foi a morte
O acidente aconteceu em Três
Rios (RJ). Como chovia muito, foi
cancelado um show no interior de
Minas e Evaldo voltou dirigindo,
apesar de não ter carteira de habilitação.
Em uma curva da antiga BR-3, o
carro bateu de frente com uma
carreta. O cantor morreu na hora.
O acidente provocou ainda a morte de seu empresário e de outro
passageiro.
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