São Paulo, sexta, 3 de outubro de 1997.




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Belo Horizonte comemora 50 anos do líder negro Evaldo Braga

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O cantor Evaldo Braga (1947-1973), que completaria 50 anos no domingo passado, vai ganhar até o final do ano um documentário em vídeo sobre sua vida e sua meteórica carreira.
Quando morreu, aos 25 anos, o ex-menor abandonado Evaldo Braga era conhecido como "ídolo negro" graças aos 500 mil discos vendidos em três anos de carreira e a gravação de "Sorria, Sorria", seu maior sucesso.
A idéia de fazer o documentário nasceu como o trabalho de conclusão de curso de quatro estudantes de radialismo da Universidade Federal de Minas Gerais, que conheceram a obra do cantor durante estágio em rádios da capital mineira.
O projeto cresceu e, no último fim-de-semana, aconteceu em Belo Horizonte a estréia da banda It's Only Evaldo Braga, cujo repertório é formado pelos maiores sucessos do cantor.
Para o cantor da banda e co-realizador do vídeo, Frederico Oliveira, 23, Braga é o maior dos cantores românticos.
"Apesar de ter sido imitado por outros cantores, ele deixou uma lacuna entre os fãs que até hoje não foi preenchida", afirmou.
Segundo Oliveira, o sentimento de rejeição que Braga carregava desde a infância foi ampliado com as críticas que sofria dos maiores jornais do país.
"Alguns críticos diziam que ele não sabia cantar. Os mesmos jornais deram a notícia de sua morte nas páginas policiais."
Os três LPs e diversos compactos que gravou estão atualmente fora de catálogo e, segundo Oliveira, existem apenas duas coletâneas editadas em CD, já esgotadas.
Sonho
Evaldo Braga morreu sem realizar um sonho: conhecer a mãe. Já famoso, ele lançou uma promoção para que ela se apresentasse. Surgiram várias "mães", mas nenhuma delas o convenceu.
Abandonado quando ainda era bebê junto com o irmão mais velho, sabia apenas que seu pai tinha o mesmo nome que ele e que a mãe se chamava Benedita Braga.
Das ruas de Campos (RJ), sua cidade natal, foi para a Febem do Rio, que, na época, se chamava Serviço de Atendimento ao Menor. Para sobreviver, foi cozinheiro -função respeitada pelos internos mais fortes.
Na época de Febem, já sonhava em ser cantor, mas foi como engraxate na porta da extinta rádio Mayrink Veiga que conseguiu s primeira oportunidade artística. Um radialista o ouviu cantar e o chamou para fazer um show no subúrbio do Rio.
Foi "cantor mascarado" no programa de Chacrinha. O sucesso veio com o compacto "Só Quero" e com o disco "Ídolo Negro". Lançou ainda em vida outro LP -"Ídolo Negro - Volume 2".
Como foi a morte
O acidente aconteceu em Três Rios (RJ). Como chovia muito, foi cancelado um show no interior de Minas e Evaldo voltou dirigindo, apesar de não ter carteira de habilitação.
Em uma curva da antiga BR-3, o carro bateu de frente com uma carreta. O cantor morreu na hora. O acidente provocou ainda a morte de seu empresário e de outro passageiro.



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