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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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MULTIMÍDIA

Exposição no Paço das Artes, em SP, apresenta múltiplas formas de apropriação do humano nas artes visuais

"Metacorpos" exibe o corpo globalizado

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dos mais primitivos aos cibernéticos, os corpos mapeiam as manifestações da sociedade, exibem as marcas e os contornos de uma época e são representados visualmente pelos homens.
A partir de hoje, no Paço das Artes, em São Paulo, a exposição "Metacorpos" apresenta obras que trazem algumas das diferentes e infinitas formas de apropriação dos corpos pelas artes visuais.
Entre fotografias, videoinstalações, performances e coreografias, obras de dez artistas, nacionais e estrangeiros, foram escolhidas pela curadora da mostra e diretora do Paço das Artes, Vitoria Daniela Bousso, 47, depois de quase dez anos de pesquisas.
Entre os nomes internacionais, estão Nan Goldin, Cindy Sherman, Dennis Oppenheim e Patricia Piccinini. Entre os brasileiros, Alair Gomes, Caetano Dias, Laura Lima, Janaina Tschäpe, Sandra Cinto e a performance de dança "Corpo de Baile", coreografada por Marcos Gallon.
"O corpo é um tema emblemático da contemporaneidade. Suas representações sucederam-se por todos os séculos, e esses artistas o questionam a partir de um mundo globalizado", diz a curadora.
A sensualidade feminina é representada nas fotos de Goldin, Sherman e Cinto. A bodyart dos anos 70 e a antropofagia estão nos vídeos de Oppenheim, que aparece comendo um boneco e desenhando sobre as costas de sua filha. Uma performance de Lima mostra as formas que as roupas assumem quando saem dos corpos para formar rastros no chão.
Em uma sala especial, há projeções de obras que utilizaram a temática do corpo ao longo da história, passando pelo francês Marcel Duchamp (1887-1968), considerado um dos fundadores da bodyart, que marcou época nos 70, até Lígia Clark e Hélio Oiticica.
Corpos vivos vão deslizar por entre as obras na performance do "Corpo de Baile". Em um espetáculo de dança convencional, o corpo de baile é formado por bailarinos que dão vida aos cenários, normalmente servindo de base aos solistas.
Para compor o trabalho, artistas plásticos, fotógrafos, atores, cantores, bailarinos e coreógrafos reuniram-se e, sob a coordenação do coreógrafo Gallon, 37, procuraram formas de transpor suas experiências profissionais em uma performance de dança.
Nada de palco ou de tablado. As sapatilhas são substituídas por tênis All Star. Os artistas ficam ao rés-do-chão, espalhados por todo o ambiente. Como células de um único corpo, movimentam-se independentemente para formar um corpo de baile variado, em que cada um contribui com sua "especialidade".
A artista plástica Alexandra Pescuma, 23, idealizou uma instalação em que utiliza projetor e espelhos para refletir as imagens pelas paredes. "Elas vazam pelo espaço e fazem uma espécie de dança não linear", diz Gallon, que enfatiza o fato de o público poder escolher o que deseja ver -a apresentação acontece simultaneamente por todo o Paço das Artes.
Os figurinos são de Alexandre Herchcovitch, 32, que fez uma "dança visceral" usando apenas tons de vermelho e bege. Ele diz adorar ver suas roupas em corpos que não são de modelos. "É para mim uma outra realidade, pois a roupa ganha um movimento que não se vê na passarela."

METACORPOS - Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Cidade Universitária, São Paulo, tel. 0/xx/11/3814-4832). De ter. a sex., das 11h às 18h30, e sáb. e dom., das 12h30 às 17h30. Quanto: R$ 1. Até 14/12.


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