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MULTIMÍDIA
Exposição no Paço das Artes, em SP, apresenta múltiplas formas de apropriação do humano nas artes visuais
"Metacorpos" exibe o corpo globalizado
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Dos mais primitivos aos cibernéticos, os corpos mapeiam as
manifestações da sociedade, exibem as marcas e os contornos de
uma época e são representados
visualmente pelos homens.
A partir de hoje, no Paço das Artes, em São Paulo, a exposição
"Metacorpos" apresenta obras
que trazem algumas das diferentes e infinitas formas de apropriação dos corpos pelas artes visuais.
Entre fotografias, videoinstalações, performances e coreografias, obras de dez artistas, nacionais e estrangeiros, foram escolhidas pela curadora da mostra e diretora do Paço das Artes, Vitoria
Daniela Bousso, 47, depois de
quase dez anos de pesquisas.
Entre os nomes internacionais,
estão Nan Goldin, Cindy Sherman, Dennis Oppenheim e Patricia Piccinini. Entre os brasileiros,
Alair Gomes, Caetano Dias, Laura
Lima, Janaina Tschäpe, Sandra
Cinto e a performance de dança
"Corpo de Baile", coreografada
por Marcos Gallon.
"O corpo é um tema emblemático da contemporaneidade. Suas
representações sucederam-se por
todos os séculos, e esses artistas o
questionam a partir de um mundo globalizado", diz a curadora.
A sensualidade feminina é representada nas fotos de Goldin,
Sherman e Cinto. A bodyart dos
anos 70 e a antropofagia estão nos
vídeos de Oppenheim, que aparece comendo um boneco e desenhando sobre as costas de sua filha. Uma performance de Lima
mostra as formas que as roupas
assumem quando saem dos corpos para formar rastros no chão.
Em uma sala especial, há projeções de obras que utilizaram a temática do corpo ao longo da história, passando pelo francês Marcel Duchamp (1887-1968), considerado um dos fundadores da
bodyart, que marcou época nos
70, até Lígia Clark e Hélio Oiticica.
Corpos vivos vão deslizar por
entre as obras na performance do
"Corpo de Baile". Em um espetáculo de dança convencional, o
corpo de baile é formado por bailarinos que dão vida aos cenários,
normalmente servindo de base
aos solistas.
Para compor o trabalho, artistas
plásticos, fotógrafos, atores, cantores, bailarinos e coreógrafos
reuniram-se e, sob a coordenação
do coreógrafo Gallon, 37, procuraram formas de transpor suas
experiências profissionais em
uma performance de dança.
Nada de palco ou de tablado. As
sapatilhas são substituídas por tênis All Star. Os artistas ficam ao
rés-do-chão, espalhados por todo
o ambiente. Como células de um
único corpo, movimentam-se independentemente para formar
um corpo de baile variado, em
que cada um contribui com sua
"especialidade".
A artista plástica Alexandra Pescuma, 23, idealizou uma instalação em que utiliza projetor e espelhos para refletir as imagens pelas
paredes. "Elas vazam pelo espaço
e fazem uma espécie de dança não
linear", diz Gallon, que enfatiza o
fato de o público poder escolher o
que deseja ver -a apresentação
acontece simultaneamente por
todo o Paço das Artes.
Os figurinos são de Alexandre
Herchcovitch, 32, que fez uma
"dança visceral" usando apenas
tons de vermelho e bege. Ele diz
adorar ver suas roupas em corpos
que não são de modelos. "É para
mim uma outra realidade, pois a
roupa ganha um movimento que
não se vê na passarela."
METACORPOS - Onde: Paço das Artes
(av. da Universidade, 1, Cidade
Universitária, São Paulo, tel. 0/xx/11/3814-4832). De ter. a sex., das 11h às
18h30, e sáb. e dom., das 12h30 às 17h30. Quanto: R$ 1. Até 14/12.
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