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Artista francesa ganha obra em MG
Dominique Gonzalez-Foerster tem instalação sonora em centro de artes
"É um ambiente puramente sonoro que funciona como uma longa seqüência cinematográfica", diz ela, que está em cartaz na Tate
MARIO GIOIA
ENVIADO ESPECIAL A BRUMADINHO (MG)
Propor experiências. Esse
parece ser um dos eixos principais da obra de Dominique
Gonzalez-Foerster, artista
francesa de destaque na cena
contemporânea mundial e que
acaba de ter sua primeira obra
permanente em uma instituição brasileira.
"Promenade" é um trabalho
sonoro, instalado em uma
grande sala retangular de uma
das galerias do Centro de Arte
Contemporânea Inhotim, em
Brumadinho (MG), que apresenta desde a última quinta novas obras de sua coleção -uma
das mais destacadas do Brasil,
com trabalhos de artistas como
Steve McQueen, Olafur Eliasson e Jorge Macchi, entre outros (leia abaixo).
Foerster também acabou de
inaugurar uma exposição na
Tate Modern, "TH.2058", espalhada na enorme Sala das Turbinas do museu londrino, onde
propõe um ambiente futurista
em que esculturas famosas de
Louise Bourgeois, Alexander
Calder e Claes Oldenburg tiveram "mutações" e ganharam
uma dimensão gigantesca.
Em Inhotim, seu trabalho fica na mesma galeria de Eliasson e Macchi, artistas também
com trânsito internacional.
"Conheço melhor a obra de
Olafur, e acho que é uma boa
proximidade. Existe uma proximidade no desejo de propor
experiências", conta ela à Folha, por e-mail.
Sobre "Promenade", Foerster tem como um dos seus principais objetivos provocar um
impacto na percepção do espectador. "Trata-se de um ambiente puramente sonoro que
funciona como uma longa seqüência cinematográfica sem
imagens. É a dimensão do espaço que garante a experiência.
Ou seja, a aparição de imagens,
recordações e visões ligadas à
chuva. O estímulo é puramente
auditivo -nenhum suporte visual exceto o espaço vazio do
museu, repleto de chuva", explica ela.
A instalação foi exposta pela
primeira vez em Paris, em
2007, e já passou pelo Museu
de Arte Contemporânea de
León, na Espanha, e pelo Guggenheim, em Nova York. "Há
ajustes feitos em cada espaço,
mas o conjunto e a ordem das
fontes sonoras continuam os
mesmos", diz Foerster.
A artista francesa tem bastante proximidade com o Brasil, pois mora parte do ano no
Rio e conheceu mais o circuito
brasileiro de arte contemporânea depois de ter participado
da 27ª Bienal de São Paulo, em
2006. Ela apresentou uma obra
em que fazia uma intervenção
nas estruturas de apoio do prédio da Bienal, que exemplifica
outra vertente do sua obra: fazer trabalhos que se relacionem com a arquitetura dos locais onde são expostos.
"Gostei muito de dialogar
com essa arquitetura que produz espaços muito estimulantes, mas gostei também de dialogar com Lisette Lagnado [curadora da 27ª Bienal], com
quem a conversa não parou
mais desde então", conta ela.
Bienal
Sobre a "Bienal do Vazio", ela
tem acompanhado de longe o
debate sobre a proposta do
evento. "Estou a par dessas discussões. Existe na França um
filme dos anos 70 intitulado
"L'An 01", cujo slogan é "paramos tudo, recomeçamos, e não
é triste". Gosto muito dessa
idéia -a gente poderia estendê-la a todas as áreas. É bom fazer uma pausa para estimular a
pesquisa", comenta.
Foerster também tem uma
importante obra audiovisual e
fez videoclipes para artistas
franceses, em especial Bashung. "Com Bashung aprendi
muitas coisas, mas sobretudo
que, mesmo num contexto de
grande difusão, é possível preservar a radicalidade e o gesto
artístico", diz ela.
Tradução de CLARA ALLAIN
DOMINIQUE GONZALEZ-FOERSTER
Onde: Centro de Arte Contemporânea
Inhotim (r. B, 20, Brumadinho, Minas
Gerais; tel. 0/xx/31/3227-0001)
Quando: qui. e sex., das 9h30 às
16h30; sáb. e dom., das 9h30 às 17h30
Quanto: R$ 10
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