São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Artista francesa ganha obra em MG

Dominique Gonzalez-Foerster tem instalação sonora em centro de artes

"É um ambiente puramente sonoro que funciona como uma longa seqüência cinematográfica", diz ela, que está em cartaz na Tate

MARIO GIOIA
ENVIADO ESPECIAL A BRUMADINHO (MG)

Propor experiências. Esse parece ser um dos eixos principais da obra de Dominique Gonzalez-Foerster, artista francesa de destaque na cena contemporânea mundial e que acaba de ter sua primeira obra permanente em uma instituição brasileira.
"Promenade" é um trabalho sonoro, instalado em uma grande sala retangular de uma das galerias do Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho (MG), que apresenta desde a última quinta novas obras de sua coleção -uma das mais destacadas do Brasil, com trabalhos de artistas como Steve McQueen, Olafur Eliasson e Jorge Macchi, entre outros (leia abaixo).
Foerster também acabou de inaugurar uma exposição na Tate Modern, "TH.2058", espalhada na enorme Sala das Turbinas do museu londrino, onde propõe um ambiente futurista em que esculturas famosas de Louise Bourgeois, Alexander Calder e Claes Oldenburg tiveram "mutações" e ganharam uma dimensão gigantesca. Em Inhotim, seu trabalho fica na mesma galeria de Eliasson e Macchi, artistas também com trânsito internacional.
"Conheço melhor a obra de Olafur, e acho que é uma boa proximidade. Existe uma proximidade no desejo de propor experiências", conta ela à Folha, por e-mail. Sobre "Promenade", Foerster tem como um dos seus principais objetivos provocar um impacto na percepção do espectador. "Trata-se de um ambiente puramente sonoro que funciona como uma longa seqüência cinematográfica sem imagens. É a dimensão do espaço que garante a experiência.
Ou seja, a aparição de imagens, recordações e visões ligadas à chuva. O estímulo é puramente auditivo -nenhum suporte visual exceto o espaço vazio do museu, repleto de chuva", explica ela.
A instalação foi exposta pela primeira vez em Paris, em 2007, e já passou pelo Museu de Arte Contemporânea de León, na Espanha, e pelo Guggenheim, em Nova York. "Há ajustes feitos em cada espaço, mas o conjunto e a ordem das fontes sonoras continuam os mesmos", diz Foerster.
A artista francesa tem bastante proximidade com o Brasil, pois mora parte do ano no Rio e conheceu mais o circuito brasileiro de arte contemporânea depois de ter participado da 27ª Bienal de São Paulo, em 2006. Ela apresentou uma obra em que fazia uma intervenção nas estruturas de apoio do prédio da Bienal, que exemplifica outra vertente do sua obra: fazer trabalhos que se relacionem com a arquitetura dos locais onde são expostos.
"Gostei muito de dialogar com essa arquitetura que produz espaços muito estimulantes, mas gostei também de dialogar com Lisette Lagnado [curadora da 27ª Bienal], com quem a conversa não parou mais desde então", conta ela.

Bienal
Sobre a "Bienal do Vazio", ela tem acompanhado de longe o debate sobre a proposta do evento. "Estou a par dessas discussões. Existe na França um filme dos anos 70 intitulado "L'An 01", cujo slogan é "paramos tudo, recomeçamos, e não é triste". Gosto muito dessa idéia -a gente poderia estendê-la a todas as áreas. É bom fazer uma pausa para estimular a pesquisa", comenta. Foerster também tem uma importante obra audiovisual e fez videoclipes para artistas franceses, em especial Bashung. "Com Bashung aprendi muitas coisas, mas sobretudo que, mesmo num contexto de grande difusão, é possível preservar a radicalidade e o gesto artístico", diz ela.

Tradução de CLARA ALLAIN


DOMINIQUE GONZALEZ-FOERSTER
Onde: Centro de Arte Contemporânea Inhotim (r. B, 20, Brumadinho, Minas Gerais; tel. 0/xx/31/3227-0001)
Quando: qui. e sex., das 9h30 às 16h30; sáb. e dom., das 9h30 às 17h30
Quanto: R$ 10



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