São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Michael Bublé faz show de R$ 1.000

Concertos do canadense têm convites mais caros que os de tour da Madonna

Cantor romântico já vendeu mais de 10 milhões de discos e, no Brasil, teve músicas suas usadas em cinco novelas da Rede Globo

AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Michael Bublé está sentado sozinho ao pé de uma cama de casal vazia. Camisa preta e cabelo levemente bagunçado, repete o refrão "Cause you are not alone" [porque você não está sozinho] e leva as mãos juntas ao rosto com ares de galã sofrido. É assim que ele apresenta num videoclipe a balada romântica "Lost", do terceiro e mais recente disco, "Call Me Irresponsible", o mesmo que o levou ao primeiro lugar nas paradas norte-americanas e que o traz agora ao Brasil para três shows -que não poderão ser vistos sem que o espectador desembolse menos de R$ 300.
Seus convites são mais caros que os de Madonna, que já não têm preços tão, digamos, modestos (de R$ 160 a R$ 600, em São Paulo; a partir de R$ 180, no Rio). Mas Bublé tem justificativa: "Aposto que, quando eu sair daquele palco, ninguém pensará que pagou caro demais por esses ingressos".
Com "caro demais", o cantor canadense quer dizer: de R$ 350 a R$ 1.000, para as duas primeiras noites de show (18/11 e 19/11). Com os ingressos de R$ 350 já esgotados para esses dias, restam convites de, no mínimo, R$ 500. E há ainda um show extra (20/11) -e com entradas um tanto mais "em conta": o preço mínimo é de R$ 300, valor mais alto não só do que a entrada mais barata de Madonna, mas também de Bob Dylan e do R.E.M..
"O quê? Isso é loucura!", diz Bublé, ao ser informado dos valores. "Por que isso? Por que meus ingressos estão tão caros?", pergunta à reportagem da Folha, por telefone. "Eu toco num lugar menor", justifica, em seguida. "Se eu tocasse num estádio [os shows de Madonna serão no Morumbi e no Maracanã, em dezembro], não ia cobrar tanto. Você está vendo um show menor, é mais íntimo."
Pouco depois, mostra-se irritado com o assunto: "Escuta, escuta! Eu nem sabia o preço! Não é meu "business". Meu negócio é ir e fazer música. Se os ingressos são caros demais, sinto muito. Na próxima vez que eu for, se estiver sabendo disso, não serão. Mesmo que sejam caros demais, ainda acho que vale a pena."
Sobre os atrativos que não deixarão ninguém acreditar ter pago demais, ele é lacônico. "Farei no Brasil uma grande festa", diz. "Quero mostrar a eles por que tive o sucesso que tive pelo mundo todo. Em diferentes países, com diferentes línguas e culturas... que essa música, e o estilo com que a faço, funciona em vários... quer dizer, é basicamente uma festa, deve ser divertido."

Som de novela
Com mais de 10 milhões de discos vendidos, Bublé tem repertório de crooner de big band, mas se define como um artista pop influenciado por Michael Jackson e Frank Sinatra, ou "mais importante: um enterteiner". Por aqui, suas músicas entraram nas novelas "Celebridade" ("You'll Never Find Another Love like Mine"), "América" ("Home"), "Kubanacan" ("Fever") e "Da Cor do Pecado" ("Crazy Little Thing Called Love").
E, embora diga que seu "business" é cantar, e não pensar nos ingressos dos shows, ele afirma que ter suas músicas nos folhetins da Globo é uma questão de marketing. "Nunca escolhi isso, foi sempre uma honra que elas [suas músicas] fossem usadas, mas acho que tenho boas pessoas que trabalham para mim e cuidam de mim, e essa foi uma ótima maneira de eu ser "marqueteado" aí." Marketing ou não, Bublé investiu em gravar clássicos como "Me and Mr. Jones" (hit de Billy Paul) -que, aliás, entrou na trilha da novela "Paraíso Tropical"- e "The Best Is Yet to Come" (sucesso de Frank Sinatra). O músico prontamente se defende quando questionado sobre tentar ser parecido com Frank Sinatra. "Não gosto de ser empurrado para essa coisa Sinatra, porque há mais em mim do que isso", afirma. "Tenho também músicas pop, escrevi músicas pop que ficaram em primeiro lugar, e gravei muitas coisas."
Em sua primeira passagem pelo Brasil, o cantor e compositor diz que "sente muito" por não ter vindo antes, apesar de não saber ao certo sobre o seu sucesso no país. "Me disseram [que é bem-sucedido no Brasil], não sei. Meu empresário, eu e a gravadora combinamos que queríamos muito ir aí no Brasil tocar". Ele explica o motivo da visita: "Sabe, precisávamos aparecer aí e ser tangíveis".


MICHAEL BUBLÉ
Quando: dias 18, 19 e 20 de novembro, às 21h30
Onde: Via Funchal (Rua Funchal, 65, Vila Olímpia; tel. 0/xx/11/ 3188-4148)
Quanto: de R$ 500 a R$ 1.000, nos dias 18 e 19; de R$ 300 a R$ 1.000, no dia 20
Classificação indicativa: livre



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