da Reportagem Local

Sir Georg Solti (1912-1997) deixou algumas gravações inéditas. É a boa notícia que a Decca, sua gravadora por cinco décadas, reserva aos que apreciam a leitura precisa, sóbria, limpa, desafetada e por tudo isso maravilhosamente musical que nos legou o maestro húngaro, naturalizado inglês.
Trata-se, no caso, de um concerto gravado ao vivo em Genebra, em julho de 1995, por 79 instrumentistas que ele próprio convidou na Europa, EUA e Israel, para comemorar os 50 anos da ONU.
Solti foi um mágico, capaz de encontrar profundidade em partituras ligeiras de Tchaikovski (procurem a trilha sonora de "Anna Karenina"), de fornecer uma "Tetralogia", de Wagner, mais técnica e menos germanizada, de reger Mozart com os olhos na proximidade da chegada de Beethoven.
Em "O Melhor de Sir Georg Solti", o prato de resistência da soirée em homenagem à ONU foi o "Concerto para Orquestra", de Bartok. É uma peça de nuvens carregadas, injustamente pouco executada e menos gravada ainda. Há excelentes versões, como a de Reiner, com a Sinfônica de Chicago.
A leitura feita por Solti é de cumplicidade com essa espécie de tradução metafísica dos sons. Além da literalidade, há uma clara ênfase na sugestão.
Um outro prodígio se opera com a abertura de "Guilherme Tell", de Rossini. Descobre-se, com ele, que há na partitura bem mais que o brilhantismo nos acordes da parte final, em contraste com a delicadeza do solo inicial de violoncelo. Solti faz um exercício transparente de dissertação, explorando o conteúdo narrativo de cada um dos temas postos em execução.
Há por fim, em 14 minutos, o final do segundo ato de "Fidélio", de Beethoven. Entramos no campo épico. A Orquestra Mundial pela Paz -foi assim que o maestro a designou- reproduz com o devido perfeccionismo esse grande hino à liberdade. (JBN)
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Disco: O Melhor de Sir Georg Solti
Compositores: Rossini, Bartok e Beethoven
Lançamento: Decca/PolyGram
Quanto: R$ 18, em média



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