São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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ARTES

Trabalhos são do português Antonio Simões Ribeiro

Painéis sacros do século 18 são encontrados na capital baiana

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Depois de dois anos de obras, técnicos e restauradores que trabalham na recuperação de um prédio da Santa Casa da Misericórdia da Bahia identificaram 15 painéis sacros feitos por Antonio Simões Ribeiro, considerado o principal pintor português da primeira metade do século 18.
"O que encontramos foi um verdadeiro tesouro, uma raridade. Os painéis de Ribeiro que nós identificamos apresentam traços renascentista e barroco", disse o argentino Domingo Tallechea, que chefia uma equipe de 12 restauradores nas obras de um casarão localizado na praça da Sé (centro histórico de Salvador).
Os painéis, que pesam entre 160 e 200 quilos cada um, deverão ser restaurados até o final do primeiro semestre de 2003. "Encontramos as obras em estado deplorável, com muitos cupins e mofo", disse Tallechea. Antes de chegarem ao trabalho original de Ribeiro, os restauradores removeram com solventes especiais oito camadas que foram retocadas sobre os painéis. "Muito do que foi retocado somente aconteceu porque os pintores não mais observavam a pintura dos painéis."
Segundo o Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural), as únicas obras de Antonio Simões Ribeiro conhecidas em Salvador eram a abóbada da capela principal da igreja da Misericórdia, um forro do Convento do Desterro e um teto do salão da Câmara Municipal. "Todas as obras identificadas não existem mais", disse o restaurador argentino.
Tallechea disse também que os restauradores não tiveram nenhuma dificuldade para identificar o trabalho do pintor português. "Uma simples análise da qualidade dos trabalhos tira qualquer dúvida. Na época em que os painéis foram pintados, entre os anos 1732 e 1735, não existia na Bahia nenhum artista capaz de realizar um trabalho tão perfeito como o que encontramos."
Citado por pesquisadores como o autor da primeira pintura do forro da biblioteca da Universidade de Coimbra, Ribeiro teria chegado a Salvador por volta de 1730, onde recebeu várias encomendas.


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