São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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OUTROS LANÇAMENTOS

24 vezes Depeche Mode

Remixes 81-04
    

Quando uma banda lança um disco de remixes, normalmente dá para torcer o nariz: ou é coisa feita às pressas, para sair na rabeira de um CD de boa vendagem, ou é tentativa de banda ou artista se aproximar do público de música eletrônica. Este álbum duplo do Depeche Mode foge à regra: reúne singles que abrangem toda a carreira do grupo, mexidos às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos, por DJs e produtores de respeito. Todas as 24 faixas já estavam disponíveis separadamente; a EMI teve a boa idéia de juntar tudo isso. Hoje um grupo bissexto (deve lançar um álbum no final do ano que vem), o Depeche Mode surgiu em 1979, em Basildon (um distrito inglês de 68 quilômetros quadrados) para realmente mudar a cara do pop dos anos 80. Menos eletrônico do que o New Order, menos pop do que o Duran Duran, o DM cantava sobre perdas, decepções, demônios pessoais, embalado por bases de sintetizadores que lotava estádios na Europa e nos EUA. Ao mesmo tempo em que produzia canções num formato estrutural pop-rock, o trio (Martin Gore, Andy Fletcher, Dave Gahan) era (bastante) ouvido nas pistas de dança, e logo cedo o Depeche Mode já se aventurava a lançar seus maiores hits também em versões remixadas. No início, o grupo participava ativamente do processo, como nas parcerias com Daniel Miller ("Shout", de 1981) e Dave Bascombe ("Never Let me Down Again", 1987). Depois, o grupo foi deixando essa tarefa, mas o mesmo "controle de qualidade" que o DM tinha no estúdio era utilizado na escolha dos produtores convocados para remixar suas canções. O único baixo dos discos é a versão quase metal de "I Feel Loved", cometida pelo DJ Muggs. Fora isso, tem o histórico francês François Kevorkian, por exemplo, que aparece por duas vezes: "Policy of Truth" e "Personal Jesus" (esta última bem alterada, deixando o tempero gótico para uma levada house). Tem Air mexendo em "Home"; tem o Underworld modificando bastante "Barrel of a Gun"; tem Dave Clarke tirando os vocais de "Dream On"; tem DJ Shadow aumentando o desespero de "Pain Killer". São faixas que, se às vezes se tornam completamente diferentes das originais, não tiram o frescor que ainda insiste em revestir as músicas do Depeche Mode. O alemão Timo Maas fecha o álbum com sua versão de "Enjoy the Silence", e vemos aí o quão grande e deliciosa é esta canção.
(THIAGO NEY)

ARTISTA: DEPECHE MODE;
GRAVADORA: EMI;
QUANTO: R$ 35, EM MÉDIA

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