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OUTROS LANÇAMENTOS
24 vezes Depeche Mode
Remixes 81-04
Quando uma banda lança um disco de
remixes, normalmente dá para torcer o
nariz: ou é coisa feita às pressas, para sair
na rabeira de um CD de boa vendagem,
ou é tentativa de banda ou artista se
aproximar do público de música
eletrônica. Este álbum duplo do Depeche
Mode foge à regra: reúne singles que
abrangem toda a carreira do grupo,
mexidos às vezes um pouco mais, às
vezes um pouco menos, por DJs e
produtores de respeito. Todas as 24
faixas já estavam disponíveis
separadamente; a EMI teve a boa idéia
de juntar tudo isso. Hoje um grupo
bissexto (deve lançar um álbum no final
do ano que vem), o Depeche Mode
surgiu em 1979, em Basildon (um distrito
inglês de 68 quilômetros quadrados)
para realmente mudar a cara do pop dos
anos 80. Menos eletrônico do que o New
Order, menos pop do que o Duran Duran,
o DM cantava sobre perdas, decepções,
demônios pessoais, embalado por bases
de sintetizadores que lotava estádios na
Europa e nos EUA. Ao mesmo tempo em
que produzia canções num formato
estrutural pop-rock, o trio (Martin Gore,
Andy Fletcher, Dave Gahan) era
(bastante) ouvido nas pistas de dança, e
logo cedo o Depeche Mode já se
aventurava a lançar seus maiores hits
também em versões remixadas. No
início, o grupo participava ativamente do
processo, como nas parcerias com Daniel
Miller ("Shout", de 1981) e Dave
Bascombe ("Never Let me Down Again",
1987). Depois, o grupo foi deixando essa
tarefa, mas o mesmo "controle de
qualidade" que o DM tinha no estúdio
era utilizado na escolha dos produtores
convocados para remixar suas canções.
O único baixo dos discos é a versão quase
metal de "I Feel Loved", cometida pelo DJ
Muggs. Fora isso, tem o histórico francês
François Kevorkian, por exemplo, que
aparece por duas vezes: "Policy of Truth"
e "Personal Jesus" (esta última bem
alterada, deixando o tempero gótico
para uma levada house). Tem Air
mexendo em "Home"; tem o Underworld
modificando bastante "Barrel of a Gun";
tem Dave Clarke tirando os vocais de
"Dream On"; tem DJ Shadow
aumentando o desespero de "Pain
Killer". São faixas que, se às vezes se
tornam completamente diferentes das
originais, não tiram o frescor que ainda
insiste em revestir as músicas do
Depeche Mode. O alemão Timo Maas
fecha o álbum com sua versão de "Enjoy
the Silence", e vemos aí o quão grande e
deliciosa é esta canção.
(THIAGO NEY)
ARTISTA: DEPECHE MODE;
GRAVADORA: EMI;
QUANTO: R$ 35, EM MÉDIA
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