São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2005

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MÚSICA

Banda cumpriu horário-limite estabelecido pela Prefeitura para apresentação em São Paulo; público foi de 40 mil

Pearl Jam faz show pontual no Pacaembu

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Debaixo de chuva, com o acompanhamento de 40 mil vozes e sob rígidas regras estruturais, o grupo norte-americano Pearl Jam fez ontem, no estádio do Pacaembu, seu primeiro show em São Paulo.
A banda realiza hoje mais um show no local; amanhã, será na praça da Apoteose, no Rio de Janeiro. Ambos estão com os ingressos (40 mil) já esgotados.
A apresentação do Pearl Jam no estádio só foi autorizada pela prefeitura depois de o organizador do evento (a empresa CIE Brasil) ter se comprometido a respeitar algumas normas.
Primeira regra: deveria terminar cedo. Até as 21h45. O show acabou até antes: 21h30 -a banda havia subido ao palco às 19h25. Nesse tempo, mostraram 25 músicas, entre elas grandes sucessos como "Alive", "Even Flow", "Black", "Do the Evolution", "Corduroy" e "Betterman". O Mudhoney, outro grupo de Seattle, que está abrindo as apresentações do Pearl Jam na América do Sul, tocou entre 18h15 e 18h45.
Muitos se atrasaram. Quando o Pearl Jam já estava na quarta música, "Green Disease", uma multidão ainda entrava pelo portão principal do estádio. "É muito cedo", disseram as amigas Elaine Suzuki, 23, e Mariane Macedo, 21, ao entrar correndo no gramado.
O público ouvido pela Folha não gostou da norma. "Achei péssimo esse horário, é muito ruim. Além disso, hoje [ontem] é sexta-feira, São Paulo está com um baita trânsito", disse a médica Ilka Shimabuku, 29. Outro ponto citado negativamente foi o fato de o show acontecer em grande parte sob a luz do dia. "As luzes, que são sempre legais em shows grandes, não podem ser vistas direito", resignou-se Djini Michelin, 33, gestora administrativa.
"Show não pode ter horário para acabar, ainda mais de banda internacional. Não precisa fazer num domingo ou até as 2h da madrugada, mas daria para ser mais razoável", reclamou Fernando Sabaté, 19. Mas sua irmã, Paula, 16, achou bom o horário vespertino. "Até gostei. Dá para acordar mais cedo no dia seguinte."
Alguns que até moram perto do estádio acharam que o show não seria incômodo aos moradores. "Tem que ter sempre e começar mais tarde", afirmou Rejane Stecca, 20, que foi a pé ao show. "Se fizerem um esquema certo, tudo bem. Mas, hoje, disseram que os carros não teriam acesso às ruas mais próximas, mas isso não foi seguido à risca."

Trânsito
Uma segunda regra que deveria ser respeitada: o trânsito nas vias do bairro. Mesmo com o auxílio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), teve gente que reclamou. A CET diz que até guinchos foram usados na operação.
Outra regra imposta pela prefeitura: ambulantes e flanelinhas deveriam ter ação inibida. Segundo pessoas ouvidas pela Folha, isso não ocorreu perfeitamente.
"Havia muito flanelinha por perto. Tive que parar o carro num lugar afastado", contou o advogado Alki Vestri, 30.
Já Iênides Benfati, 60, conselheira da associação Viva Pacaembu por São Paulo, afirmou que não ficou satisfeita com a realização do show, mesmo com todas as regras colocadas em prática.
"O esquema de trânsito deu certo, mas não conseguiu coibir todos os abusos, como estacionamento em locais proibidos. A fiscalização de ambulantes funcionou apenas em algumas ruas. E o barulho, apesar de ter acabado cedo, foi intenso."


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