São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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Aquecimento global ameaça as populações de pingüins

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

"Happy Feet" é uma versão digital de "A Marcha dos Pingüins", só que melhorada (e sem aquela narração piegas). O filme retrata a paisagem antártica com uma fidelidade impressionante. Só peca ao acusar a pesca comercial de ser a maior ameaça aos pingüins. É o aquecimento global, estúpido.
Ok, ninguém poderia esperar verossimilhança de uma fábula na qual jovens Aptenodytes forsteri (é esse o nome científico do pingüim-imperador, só para registro) cantam "Somebody to Love" na balada. Mas os produtores fizeram o dever de casa bastante bem ao pintar o ambiente no qual esses animais vivem. Desde o famoso mau tempo do litoral antártico até sutilezas como a meia-luz durante o período de acasalamento dos pingüins-de-adélia (a trupe "latina") e a escuridão que reina na estação de pesca, o continente branco -em todas as suas cores- está todo lá.
Então, não custava terminar o serviço e dizer que é o aquecimento acelerado da atmosfera que está matando os pingüins, ao criar icebergs gigantes fora de época que esmagam as colônias próximas do litoral e/ou lhes bloqueiam acesso ao mar.
No fim, talvez tenha vencido a seguinte equação: é mais fácil para o americano médio renunciar a sua porção semanal de merluza negra, o peixe antártico mais comum nos supermercados do país (que custa o dobro do salmão) do que deixar a sua SUV na garagem para ir ao cinema a pé.


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