São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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Crítica

Cantora se sobressai como intérprete, mas ainda é imatura como compositora

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Ana Cañas surpreende pela ousadia em "Amor e Caos", o seu disco de estréia: das dez faixas, sete têm a sua assinatura. Mas o problema do álbum também está aí: suas composições estão aquém de sua voz.
Os melhores resultados es- tão nos blues e similares: "Mandinga Não", "Cadê Você?", "?" e, com qualidade menor, "Devolve, Moço". A voz da cantora não é muito rascante nem por demais potente, mas tem a força necessária para imprimir alguma tensão a essas músicas.
Apesar do cabotinismo, "A Ana" é uma balada roqueira bem agradável. Mas há outras baladas pop que são fracas tanto em melodia quanto em letra, como "Vacina na Veia" -a epígrafe de Shakespeare não engana- e "Para Todas as Coisas", referência pobre e descartável a Marisa Monte.
Se como compositora a jovem ainda está um tanto imatura, como intérprete ela se mostra bem mais à vontade. "Coração Vagabundo" (Caetano Veloso) é cantada com a delicadeza certa, sem que as guitarras -também "abluesadas"- e os efeitos perturbem a paz da música. "Super Mulher" (Jorge Mautner) é, possivelmente, o melhor momento do álbum.
Ana Cañas mostra a diversidade de sua voz, une humor e ternura, forró e blues. A participação de Naná Vasconcelos é, ao contrário do que acontece muitas vezes, discreta e precisa. "Rainy Day Women" (Bob Dylan) só complementa o disco com uma emulação do estilo do bardo country. Falta um pouco mais de cérebro para fazer jus à garganta de Ana Cañas. Mas há um enorme potencial.
Só um detalhe: pôr os nomes dos compositores lá no final do encarte é feio. Ainda mais para quem estréia, respeito é fundamental.


AMOR E CAOS
Gravadora:
Sony BMG
Quanto: R$ 26,90 (em média)
Avaliação: bom


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