São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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MÚSICA

Banda seduz com som irrepreensível

Caçula da boa safra roqueira curitibana, o Copacabana Club usa a disco e o rock da década de 80 como referências

Copacabana conta com a estreante e carismática Camila Cornelsen, que cita a vocalista dos Yeah Yeah Yeahs como influência


Ito Cornelsen/Divulgação
A banda curitibana, que lançou o EP "King oh the Night" e vem fazendo shows no circuito indie

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Curitiba é hoje um dos principais centros do bom pop-rock feito no Brasil. Vêm da capital paranaense, por exemplo, os experimentalistas ruído/mm; a complexidade sutil do combo Wandula; o folk nervoso do Bad Folk; a esperta banda new wave Sabonetes. Mas converse com um curitibano (melhor: com um roqueiro curitibano) e invariavelmente você ouvirá reclamações de como a cidade é parada, não tem nada para fazer...
"Sempre fomos assim. O povo reclama de tudo mesmo. Mas tem bastante banda rolando aqui, sim", conta Alec Ventura, 30, multiinstrumentista do Copacabana Club, banda que sintetiza a excelente safra roqueira desenvolvida em Curitiba nos últimos anos.
O Copacabana Club é o caçula da turma. Acabou de completar um ano de vida, mas nesse pouco tempo traz na bagagem o EP "King of the Night" -uma jóia composta por quatro faixas irrepreensíveis- e 17 shows -o último deles ocorrido na Funhouse, em São Paulo, em que a carismática vocalista Camila Cornelsen terminou cantando no meio do público.
Junte a performance de Camila com as melodias extremamente caprichadas de músicas como "Come Back", "Just Do It" e "It's Us" e o resultado é uma banda dona de uma irresistível mistura de rock de garagem, synthpop e new wave.
A idéia de montar uma banda surgiu de Ventura, que após tocar no extinto grupo ESS e de uma temporada em Londres (de 2001 a 2006), voltou a morar em Curitiba.
Certa noite, ele encontrou Luciano Frank, um dos donos do bar James. "Queríamos fazer um som juntos. A única prioridade era que fosse algo dançante. O ESS era mais eletrônico, agora queríamos algo mais orgânico, com um baterista mesmo", conta Ventura. Assim, surgiu o convite à baterista Claudinha Bukowski, que já havia tocado antes em banda.
Em seguida, apareceu Camila, 25. "Ouvi eles conversando sobre montar uma banda. Todos eles já tinham experiência. Eu estava ao lado e disse: "Não sei tocar nada, mas quero entrar na banda". Aí eles me convidaram para participar do primeiro ensaio. Fizeram algumas melodias e eu cantei alguma coisa em cima. E deu certo."
Para quem nunca havia cantado em público, Camila mostra uma performance de veterana: "Eu fazia balé e sapateado, então estava acostumada a dançar em frente a uma platéia", conta. "Mas desde o nosso primeiro show essa história de ser vocalista aconteceu bem natural, sempre me senti à vontade", diz ela, que cita Karen O., do trio nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs, como referência. "Gosto de performance, de figurino, de maquiagem."

Melodia
Primeira faixa do EP "King of the Night", "Just Do It" é um delicioso passeio de riffs de guitarra a la Strokes e de uma new wave ensolarada.
"Adoramos melodia", afirma Ventura, que toca guitarra, sintetizador e bateria eletrônica. Sobre o lado dançante do Copacabana Club, ele explica: "Quando montamos a banda, estávamos bem influenciados pela disco, mas pelo lado mais sombrio, dark. E também pelo electropop dos anos 80. São músicas que funcionam bem na pista", diz. "Além disso, gostamos bastante de Stevie Wonder, Stereolab, Sondre Lerche."
Na banda, Ventura é encarregado de compor as melodias e Camila, as letras.
Nesse pouco tempo de vida, já tocaram em bares e casas de shows em Curitiba, além de Rio de Janeiro, Florianópolis, Santa Maria, São Paulo. Estão escalados para o Pré-Grito Rock 2009, em Porto Alegre, na semana que vem.
Melodias, letras, ótima performance ao vivo... Só uma coisa parece não encaixar na banda: o nome, Copacaban Club. Copacabana?
"Não tínhamos idéia de como chamar a banda, aí as meninas sugeriram Copacabana. Não sei por quê. Depois o baixista veio com o Club. Acabou ficando", diz, rindo, Ventura.

POR
QUE
OUVIR


A banda parece ter um talento nato para construir melodias perfeitas, aliando guitarras de garagem e sintetizadores new wave. Dá para ouvir as excelentes "Just Do It" e "Come Back" no www.myspace.com/copacabanaclubmusic. Pop-rock do melhor feito no Brasil


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