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ARTES PLÁSTICAS
Especial ilumina "Girassóis" de Van Gogh
DA REPORTAGEM LOCAL
Vincent van Gogh (1853-1890),
por personificar o artista de vida
trágica, gênio difícil e reconhecimento póstumo, é fonte quase
inesgotável de um sem-número
de leituras televisivas e ficcionais.
No entanto, na série "A Vida
Privada das Obras-Primas", a britânica BBC, com sua inquestionável qualidade, faz um documentário relevante a respeito de um trabalho-chave na obra do artista
holandês: "Os Girassóis" (1888).
Apesar de o título enveredar, às
vezes, por uma dramaturgia rala
-utilizando fundo musical tenso
para exibir o difícil relacionamento entre Gauguin (1848-1903) e
Van Gogh-, é indubitável a pesquisa e o apuro na montagem didática, mas não boba.
"Os Girassóis", tela mais vista
da londrina National Gallery, ainda desperta olhares inquietos por
diversos elementos. Talvez um
dos mais importantes seja a utilização de um amarelo-cromo quase metafísico, que, sabemos pelo
documentário, só foi possível
com o avanço da química industrial a partir de 1809. A produção
também liga o girassol à simbologia religiosa holandesa de celebração da vida, presente em livros
cristãos da época.
Sua opção pela utilização de diversos tons de cor, em pinceladas
carregadas do gesto do artista,
marcadas e espessas, a afasta dos
outros girassóis de telas de Van
Gogh, que utilizavam mais contrastes. O brilho sobrenatural se
mescla à busca de uma luz mais
intensa, que o artista vai buscar no
sul da França, em Arles, onde
queria formar uma comunidade
artística de vanguarda e, após
convivência conturbada com
Gauguin, se revela fracassada. Em
1890, se suicida com um tiro no
peito e dá fim a uma existência de
tormenta, mas pontuada por luzes como as que o girassol da tela
de 1888 exala com brilho.
(MG)
A Vida Privada das Obras-Primas
Quando: hoje, às 22h, no Film&Arts
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