São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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crítica

Esquisito ou sublime, som da artista é raro

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Ys", bom dizer de começo, é um álbum cheio com cinco músicas. Cinco. A mais curta delas, a sublime "Cosmia", tem mais de sete minutos. Sete. Saiba que no admirável mundo de fadas e duendes dela, isso jamais é ruim. Pelo contrário. Newsom precisa mesmo de tempo e espaço para dividir conosco suas mitologias pop, seus contos fantásticos movidos a harpa.
Newsom é única. Sua voz de criança perturbada está em algum lugar entre Björk e Kate Bush, suas letras e canções parecem um Shakespeare musicado e tudo isso aliado a seu dedilhar indie-erudito é de... transportar.
Deve haver algo estranho acontecendo com a juventude sônica, que acha não pertencer mais a este mundo. Na Inglaterra, o farol da molecada britânica e o paralelo torto de Newsom no rock é Pete Doherty, do Babyshambles, que construiu um mundo particular em Albion (o Reino Unido antes de ser o Reino Unido) e acha que vive e faz músicas lá.
No caso de Newsom, ela prefere escrever histórias sobre um urso e um macaco (nos quase dez minutos de duração de "Monkey & Bear"), que fogem de uma fazenda onde viviam presos, e como os dois atravessam a floresta e o rio em busca de liberdade. Daí vêm os diálogos entre o urso e o macaco sobre o amor, sobre tocar música para levantar algum dinheiro, sobre dançar para as pessoas em vez de comê-las.
Quando "Ys" acaba, você "acorda" e volta ao mundo de Bush e Blair, sem sentir falta da guitarra. Então percebe que, esquisito ou sublime, o disco tem algo que você não vai encontrar na música neste ano, na década passada.
Joanna Newsom soa como única. E a sensação de ouvir sua música também. (LR)

YS     


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