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crítica
Esquisito ou sublime, som da artista é raro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Ys", bom dizer de
começo, é um álbum cheio com
cinco músicas. Cinco. A mais
curta delas, a sublime "Cosmia", tem mais de sete minutos. Sete. Saiba que no admirável mundo de fadas e duendes dela, isso jamais é ruim.
Pelo contrário. Newsom precisa mesmo de tempo e espaço para dividir conosco suas
mitologias pop, seus contos
fantásticos movidos a harpa.
Newsom é única. Sua voz
de criança perturbada está
em algum lugar entre Björk e
Kate Bush, suas letras e canções parecem um Shakespeare musicado e tudo isso
aliado a seu dedilhar indie-erudito é de... transportar.
Deve haver algo estranho
acontecendo com a juventude sônica, que acha não pertencer mais a este mundo.
Na Inglaterra, o farol da molecada britânica e o paralelo
torto de Newsom no rock é
Pete Doherty, do Babyshambles, que construiu um mundo particular em Albion (o
Reino Unido antes de ser o
Reino Unido) e acha que vive
e faz músicas lá.
No caso de Newsom, ela
prefere escrever histórias sobre um urso e um macaco
(nos quase dez minutos de
duração de "Monkey &
Bear"), que fogem de uma fazenda onde viviam presos, e
como os dois atravessam a
floresta e o rio em busca de liberdade. Daí vêm os diálogos
entre o urso e o macaco sobre o amor, sobre tocar música para levantar algum dinheiro, sobre dançar para as
pessoas em vez de comê-las.
Quando "Ys" acaba, você
"acorda" e volta ao mundo de
Bush e Blair, sem sentir falta
da guitarra. Então percebe
que, esquisito ou sublime, o
disco tem algo que você não
vai encontrar na música neste ano, na década passada.
Joanna Newsom soa como
única. E a sensação de ouvir
sua música também.
(LR)
YS
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