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crítica
Contos fazem sátira mordaz dos EUA
CRÍTICO DA FOLHA
Antes da consagração no cinema,
Woody Allen já era
reconhecido nos EUA como comediante que se
apresentava em clubes noturnos e programas de rádio e TV e também como
escritor de contos humorísticos publicados por revistas de prestígio, como
"The New Yorker", da qual
é colaborador desde 1966.
"Cuca Fundida" (1971),
"Sem Plumas" (1975) e
"Que Loucura!" (1980)
trazem seletas preciosas
desses textos, agora reforçadas por "Fora de Órbita", que reúne 18 contos de
"mera anarquia", como
sublinha o título original.
Ainda que seus livros
anteriores tragam um humor mais explosivo e iconoclasta, o retorno ao
mercado editorial equivale ao que representou o
lançamento alvissareiro
do filme "Match Point"
para sua carreira no cinema: eis o bom e inconfundível Woody Allen, mesmo
que não seja o de safra
mais notável.
O formato dos contos
varia, mas o princípio é o
mesmo: submeter o cenário social, cultural e político dos EUA a uma sátira
devastadora com referências eruditas. Em alguns
casos, notícias de jornal
são ponto de partida para
tramas insólitas (e trocadilhos que perdem força
na tradução).
Em "Uma Surpresa Abala o Julgamento de Disney", Mickey Mouse testemunha em processo movido pelos acionistas do grupo contra o ex-presidente
Michael Eisner. "Cuidado,
Magnatas Caindo" satiriza
produtores de Hollywood;
"A Rejeição", milionários
de Nova York cujos filhos
estudam em escolas de elite; e "Assim Comia Zaratustra", livros de dieta.
O humor de Allen, bendito seja, não tem compromisso com nada.
(SR)
FORA DE ÓRBITA
Autor: Woody Allen
Editora: Agir
Quanto: R$ 35 (240 págs.)
Avaliação: ótimo
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