São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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Diretor Liu Jie reinveste lucros em novo longa

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PEQUIM

No panorama do cinema chinês contemporâneo, Liu Jie, 40, é original. Fotógrafo de filmes como "Bicicletas de Pequim", dirigido por Wang Xiaoshuai, ele se prepara para lançar seu segundo longa.
Liu Jie falou à Folha em seu apartamento em Pequim, onde mostrou, em primeira mão, uma parte de seu novo filme.
"Judge" (juiz) é uma produção independente. A obra custou os US$ 400 mil que o diretor ganhou com a venda de DVDs de seu primeiro trabalho, "Courthouse on the Horseback" (Corte de justiça no lombo do cavalo).
O filme de estreia de Liu Jie foi vencedor do Prêmio Horizontes no Festival de Veneza de 2006 e ficou em cartaz por 13 meses seguidos na França.
De estilo clean, enquadramentos e iluminação precisos, "Juiz", remete ao cinema dos poloneses Andrzej Wajda e Krzysztof Kieslowski. A obra se diferencia da atmosfera de cores fortes e lugares exóticos habituais do cinema chinês pós-Revolução Cultural.
Nascido em 1968, no segundo ano da Revolução Cultural, Liu vivenciou situações de arbitrariedade policial que lhe sugeriram a importância da política na vida cotidiana.
O cineasta conta que "quando tinha 15 anos e estava no colegial, frequentemente era obrigado a assistir a julgamentos e execuções de dez ou 20 pessoas no estádio". Conta também que o desaparecimento do irmão de um colega de classe marcou a sua infância.
Liu Jie pertence à "sexta geração". Mas, como diretor, não se identifica com o grupo, formado por alguns de seus colegas da Beijing Film Academy, a principal escola chinesa.
Seus filmes expressam "preocupações sociais, como o estatuto do indivíduo e das liberdades". Já os filmes do grupo seriam "centrados em pequenos protagonistas marginais, jovens que se tornam adultos nas grandes cidades".
Para o cineasta, "a censura já aceita filmes que lidam com problemas comuns do dia-a-dia". De qualquer maneira, cada filme passa por várias etapas de negociação antes de ser liberado e há o risco de não ser exibido. Apesar das dificuldades, Liu faz filmes autorais sem ajuda financeira estatal.


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