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Diretor Liu Jie reinveste lucros em novo longa
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM
PEQUIM
No panorama do cinema chinês contemporâneo, Liu Jie,
40, é original. Fotógrafo de filmes como "Bicicletas de Pequim", dirigido por Wang
Xiaoshuai, ele se prepara para
lançar seu segundo longa.
Liu Jie falou à Folha em seu
apartamento em Pequim, onde
mostrou, em primeira mão,
uma parte de seu novo filme.
"Judge" (juiz) é uma produção independente. A obra custou os US$ 400 mil que o diretor ganhou com a venda de
DVDs de seu primeiro trabalho, "Courthouse on the Horseback" (Corte de justiça no
lombo do cavalo).
O filme de estreia de Liu Jie
foi vencedor do Prêmio Horizontes no Festival de Veneza
de 2006 e ficou em cartaz por
13 meses seguidos na França.
De estilo clean, enquadramentos e iluminação precisos,
"Juiz", remete ao cinema dos
poloneses Andrzej Wajda e
Krzysztof Kieslowski. A obra se
diferencia da atmosfera de cores fortes e lugares exóticos habituais do cinema chinês pós-Revolução Cultural.
Nascido em 1968, no segundo ano da Revolução Cultural,
Liu vivenciou situações de arbitrariedade policial que lhe
sugeriram a importância da política na vida cotidiana.
O cineasta conta que "quando tinha 15 anos e estava no colegial, frequentemente era
obrigado a assistir a julgamentos e execuções de dez ou 20
pessoas no estádio". Conta
também que o desaparecimento do irmão de um colega de
classe marcou a sua infância.
Liu Jie pertence à "sexta geração". Mas, como diretor, não
se identifica com o grupo, formado por alguns de seus colegas da Beijing Film Academy, a
principal escola chinesa.
Seus filmes expressam
"preocupações sociais, como o
estatuto do indivíduo e das liberdades". Já os filmes do grupo seriam "centrados em pequenos protagonistas marginais, jovens que se tornam
adultos nas grandes cidades".
Para o cineasta, "a censura já
aceita filmes que lidam com
problemas comuns do dia-a-dia". De qualquer maneira, cada filme passa por várias etapas
de negociação antes de ser liberado e há o risco de não ser exibido. Apesar das dificuldades,
Liu faz filmes autorais sem ajuda financeira estatal.
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