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TELEVISÃO
Crítica
"Os Donos da Noite" vê o peso dos laços de família
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Os Donos da Noite" (MaxPrime, 21h, 14 anos) começa, ao
som de "I'll Be Seing You", com
imagens fotojornalísticas em
preto e branco sobre o cotidiano da polícia, entre narcóticos
apreendidos em pias imundas e
cadáveres largados ao mato.
A cena seguinte, à voz de
Blondie cantando "Heart of
Glass", é o oposto: coloridíssima, traz Bobby (Joaquin Phoenix) e sua bela namorada
(Eva Mendes) amassando-se
num sofá.
Temos, entre uma sequência
e outra, um universo de violência e crueza contrastado a outro, de prazer e alegrias.
E que prediz o que será esse
formidável longa-metragem de
James Gray: o drama de um
homem, Bobby, sério gerente
de uma boate comandada pela
máfia russa, obrigado a migrar
para o lado da sua família, com
pai e irmão policiais exigindo
que ele delate essa sua outra
"família".
Em síntese, é como trocar a
lealdade pela traição, ou a vontade pela obrigação.
Os laços familiares e suas duras regras são sempre vistos
como pesados grilhões nos filmes de James Gray, grandes
imposições que parecem vir
desde o ventre, antes mesmo
do nascimento.
Em "Os Donos da Noite", a
situação é um bocado mais grave: o retorno ao ambiente genético será, para Bobby, trocar
a vida pela morte.
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