São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2011

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Latinos organizam bienais europeias

Argentina, brasileiro e costa-riquenho estão à frente das bienais de Lyon e Istambul, que abrem em setembro

Colombiano classifica a escolha como expressão de um "reconhecimento tardio" a "trabalho sério nesta parte do mundo"

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

Em 2011, duas das principais bienais de arte na Europa serão organizadas por curadores latino-americanos: em Lyon, a argentina Victoria Noorthoorn, responsável pela mais recente edição da Bienal do Mercosul, e em Istambul, o brasileiro Adriano Pedrosa e o costa-riquenho Jens Hoffmann. Ambas serão inauguradas em setembro.
Após o boom recente da arte latino-americana, é agora a vez da curadoria? "Trata-se de um reconhecimento tardio a muitos anos de trabalho sério e inovador nessa parte do mundo", diz o curador colombiano José Roca.
"[A curadora] Lisette Lagnado foi finalista da Documenta, e cada vez mais há curadores da América Latina concebendo projetos para os chamados centro de arte", afirma Roca, responsável pela 8ª Bienal do Mercosul, em 2011, na capital gaúcha.

ARTISTAS LATINOS
Noorthoorn e Pedrosa estão em processo de definição das mostras e adiantaram alguns conceitos à Folha.
Com o título "Uma Beleza Terrível Nasceu", verso do poema "Easter", de W.B Yeats, a Bienal de Lyon será bastante distinta da Bienal do Mercosul, que Noorthoorn organizou, em 2009.
"Lyon tem outra realidade, outra história, outra estrutura. Estou tentando, ainda, repensar as estruturas", escreveu, por e-mail, de Johannesburgo, em viagem de pesquisa para a mostra.
Sem a lista de artistas definida, a curadora afirma que "certamente a Bienal vai contar com muitos brasileiros".
Já em Istambul, Pedrosa e Hoffmann também já escolheram o nome da exposição, que será "sem título", que é como o artista cubano Felix Gonzalez-Torres (1957-1996) chamava seus trabalhos.
"A Bienal está sendo pensada a partir da obra de Gonzalez-Torres, porque ele a construiu unindo uma visão estética formal com questões políticas, sociais e corporais", diz Pedrosa.
Foi ele que, em 2009, causou polêmica por ter organizado o Panorama da Arte Brasileira, no MAM de São Paulo, sem brasileiros. "sem título", assim, poderia ser, novamente, uma mostra de forte carga conceitual? "Essa não será uma metabienal", responde Pedrosa.
Os curadores de Istambul já definiram cinco eixos nos quais a Bienal vai se orientar, criados a partir de obras do artista cubano que, no entanto, não terá nenhum trabalho na exposição: viagens, relações afetivas, construção artística, história, violência.
O módulo que trata de relações afetivas, por exemplo, foi concebido a partir da obra "Untitled (Ross)", constituída por 79,4 quilos de balas embrulhadas em papel celofane. O peso corresponde ao do então namorado do artista, Ross, que morreu de Aids.
Também ainda sem a lista completa de artistas, Pedrosa prevê uma presença significativa de latinos, em detrimento de europeus e norte-americanos. Afinal, quem convida curadores latino-americanos deve esperar que sua região de origem tenha presença significativa.


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