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Última performance de Chico foi como DJ
XICO SÁ
em Recife
Foi com uma animada sessão de
trance e jungle que Chico Science
se despediu, em uma festa na noite
do último sábado, de um grupo de
amigos, um punhado de tietes e
pessoas ligadas ao mundo do mangue beat.
Como nos velhos tempos, Science funcionou muito bem como DJ,
levando uma penca da sua invejável coleção de discos para fazer a
festa.
Era a última performance do rapaz que tinha o hip-hop na alma e
criou, na companhia de Fred Zero
Quatro (Mundo Livre S/A), d.h.
Mabuse e Renato L., o que viria a
ser chamado de mangue beat.
No resto da festa, realizada pelo
bloco carnavalesco ``Enquanto Isso na Sala da Justiça'', Science dançou timidamente, distante da coreografia de 220 volts que costuma
levar aos palcos.
Trio elétrico
Entre cervejas e amigos, ele prometeu levar para a avenida este
ano, quando subiria pela primeira
vez em um carro de trio elétrico,
um tiro certeiro de maracatu e guitarra distorcida para combater o
festival de ``axé music'' que assola
o país.
``Vamos fazer uma confusão danada'', dizia Science, depois de
perguntar por amigos comuns que
moram em São Paulo e relembrar
uma agitada temporada paulistana
antes de gravar o primeiro disco,
em 92.
Nessa época, o cantor e compositor, em companhia de Fred Zero
Quatro (mais Mundo Livre S/A e
Nação Zumbi), se divertiam comendo o pão com ovo ou mortadela preparados pelo então produtor Jujuba (hoje líder da banda Coração Tribal).
Bom Tom Rádio
A ``canja'' de Science remetia
aos velhos tempos em que fazia
festas com Mabuse (autor das capas dos discos de Chico e também
parceiro musical).
Com o mesmo Mabuse e Jorge
Du Peixe (da Nação Zumbi),
Science montou uma das bandas
mais interessantes e esquisitas da
cidade, o Bom Tom Rádio.
Essa banda e o grupo Loustal
(comandado por Du Peixe) foram
os grandes laboratórios para a futura música de Chico Science.
Nenhuma pessoa que more distante de Pernambuco faz a idéia da
importância desse rapaz de Rio
Doce (bairro de Olinda) para o Recife.
Seattle miserável
Chico foi o intérprete e referência de um movimento que transformou a cidade em uma espécie
de ``Seattle miserável''.
Nos altos, morros e favelas enfiadas na lama surgiram centenas de
bandas, com garotos imitando os
trejeitos de Chico Science no palco.
Depois do mangue beat, os jovens de Recife recuperaram uma
espécie de orgulho de morar na cidade, coisa que andava esquecida
e afundada na decadência de uma
cultura que andava apenas voltada
para o folclore e o purismo provinciano.
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