São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


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Scorsese filma o limite humano

Divulgação
Os paramédicos em ação em uma cena de "Vivendo no Limite", de Martin Scorsese, que estréia hoje



"Vivendo no Limite", de Martin Scorsese, estréia hoje; com Nicolas Cage e Patricia Arquette, o filme mostra a rotina de um motorista de ambulância em NY


CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Nova York

Martin Scorsese é talvez o cineasta americano que melhor captou em filme tanto a rotina de sua cidade natal, Nova York, quanto os extremos a que chegam seus habitantes.
Em seu mais recente trabalho, "Vivendo no Limite", que estréia hoje no Brasil, Scorsese, mais uma vez, inspira-se no lado cruel e desumano das ruas de Manhattan. De lá, onde o coração de seu personagem principal interpretado por Nicolas Cage, um deprimido paramédico que entrega a vida para salvar a de outros, pulsa tão forte quanto a fraqueza do coração daqueles que tenta salvar.
"Vivendo no Limite", baseado no livro homônimo de Joe Connelly, marca a 4ª parceria entre Martin Scorsese e o roteirista de "Taxi Driver", "Touro Indomável" e "A Última Tentação de Cristo", Paul Schrader (leia entrevista nesta página).
Leia a seguir, os principais trechos da entrevista que Scorsese concedeu à reportagem da Ilustrada.

Folha - "Vivendo no Limite" é pesado. O senhor sente prazer gravando filmes como esse?
Martin Scorsese -
Não me diverti em momento algum. Para dizer a verdade eu nunca gosto da hora de gravar meus filmes. É muita coisa acontecendo e tendo de resolver ao mesmo tempo e, pior, tenho de levantar cedo.

Folha - Por que então a decisão de reviver tal experiência?
Scorsese -
Nasci e fui criado numa área onde as pessoas lutavam bastante pela sobrevivência. Gente levando uma vida dura. Quando fiz 23 anos, senti-me feliz de poder sair daquele mundo e mudar para um bairro um pouco melhor, mais tranquilo.

Folha - O que o senhor aprendeu com os paramédicos de Nova York?
Scorsese -
É um trabalho que pode levar qualquer ser humano à loucura. É tanta responsabilidade que as pessoas acabam se sentindo como se tivessem poderes divinos. Mas acabam muitas vezes caindo em depressão ao perceberem-se limitadas.

Folha - Como o senhor compara Nova York de "Vivendo no Limite" e a cidade na qual gravou "Taxi Driver"?
Scorsese -
Na época de "Taxi Driver", existia um slogan dizendo que Nova York era um festival de verão. Então resolvemos gravar nas ruas da cidade em pleno verão para ver se diziam a verdade. Foi uma experiência fantástica. Agora a coisa é bem diferente. Gravamos à noite num exaustivo trabalho que durou 75 noites.


Filme: Vivendo no Limite (Bringing Out The Dead) Produção: EUA, 1999 Diretor: Martin Scorsese Com: Nicolas Cage, Patricia Arquette Quando: a partir de hoje, nos cines Belas Artes Villa-Lobos, Center Norte 2 e circuito


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