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Personagem clássico retorna em dois livros; da Inglaterra vem a continuação oficial de sua história e, dos Estados Unidos, obra que conta origens do herói
A volta de PETER PAN
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Peter Pan anda ansioso com um
incessante tique-taque. O barulho
não vem do despertador engolido
pelo crocodilo que papou a mão
de seu arquiinimigo, o Capitão
Gancho. Mas dos relógios que
marcam para as primeiras horas
de 5 de outubro o aguardado lançamento, no Reino Unido, da primeira continuação oficial de suas
aventuras. O "menino que não
queria crescer", criado em 1904
pelo escritor escocês James Matthew Barrie [1860-1937], voltará a
alçar vôo numa história que se
passa em 1930, com Wendy
madura o bastante para ser
uma avó. Enquanto isso,
nos EUA, uma versão
"não-autorizada" conta as
origens do herói.
Ainda sem direitos
comprados para o Brasil,
"Peter Pan in Scarlet"
[Peter Pan em escarlate],
editado pela Oxford University Press, foi escrito
pela inglesa Geraldine
McCaughrean, 53. Já publicada no Brasil pela Salamandra, três vezes premiada com o
prestigioso Whitbread, ela foi escolhida entre mais de 200 escritores de várias partes do mundo
num concurso feito pelo hospital
infantil Great Ormond Street, para o qual Barrie deixou os direitos
da obra em 1929. Sua missão: responder a perguntas como "o que
foi feito da Terra do Nunca?", ou
ainda "por que os garotos eram
perdidos?". Segredos guardados a
sete chaves, diz McCaughrean.
"Mas como o original de Barrie
termina com os Garotos Perdidos
deixando a Terra do Nunca e crescendo, enquanto Peter fica lá,
adianto que a aventura só pode
começar com eles encontrando
um modo de voltar para a ilha",
diz a autora à Folha.
"O título também dá uma pista:
na última vez em que vimos Peter
ele usava uma túnica de folhas
verdes, e agora elas se tornaram
vermelhas. Parece um bom presságio?", indaga, reticente.
McCaughrean -autora de
mais de 130 livros, boa parte deles
infantis, como "Gold Dust", uma
corrida do ouro que se passa no
Brasil- ganhou de última hora
dois concorrentes do outro lado
do Atlântico. Os americanos Ridley Pearson e Dave Barry assinam "Peter and the Starcatchers",
espécie de "episódio 1" da história
de Peter, cujos direitos já foram
comprados pela Companhia das
Letras. A editora, que publicou
em 1999 as aventuras originais,
ainda não tem previsão para o novo lançamento.
O livro de Pearson e Barry já
tem uma continuação própria por
vir -"Peter and the Shadow
Thieves" [Peter e os ladrões de
sombras]-, e ambos tiveram
seus direitos adquiridos pela Disney, que vai transformá-los em
animações. Detalhe: a Disney acaba de comprar a Pixar, toda poderosa da animação, responsável
por arrasa-quarteirões como "Os
Incríveis".
Episódio 1
A movimentação milionária
vem tirando o sono da OUP e do
hospital inglês. Embora tenha direito a royalties pelos filmes da
Disney, por conta de um contrato
assinado pelo próprio Walt há 50
anos, o hospital dependerá da boa
vontade dos concorrentes -e da
Justiça- se quiser ganhar com as
vendas dos filhos bastardos.
E o problema não é somente financeiro; tem a ver com respostas
àquelas perguntas lá de cima.
"Não quero mal a "Peter and the
Starcatchers". Mas espero que os
leitores não fiquem confusos e
pensem que ele é a continuação
autorizada de que já ouviram falar
tanto. Por sorte, trata-se de uma
aventura anterior. "Peter Pan in
Scarlet" é o único livro escrito por
sugestão e com a aprovação do
hospital", defende McCaughrean.
Em "Peter and the Starcatchers", Terra do Nunca é o nome
do navio que transporta Pan e um
bando de outros órfãos para uma
ilha de nome Mollusk, onde trabalharão como escravos do malvado rei Zarboff. No caminho, Peter é convencido a ajudar a misteriosa Molly a salvar o mundo, evitando que piratas como um certo
Black Stache -o futuro Gancho?- ponham as mãos num
baú contendo um pó mágico, capaz de fazer voar.
McCaughrean não deixa escapar se abordará questões como
estas, sobre as origens de Peter.
Adianta apenas que, além dele,
voltam à cena Sininho e Wendy.
"Fiz questão de que algo acontecesse a cada página, de modo que
tivesse bastante ritmo. E de que
houvesse muita aventura, perigos
e bravura. Meu maior desafio, no
entanto, foi que o grande vilão, o
capitão Gancho, foi visto pela última vez caindo na mandíbula de
um faminto crocodilo. E não há
nada que eu possa fazer para alterar isso."
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