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Outro Canal
Daniel Castro dcastro@folhasp.com.br
Globo desfila clichês e obviedades em alta definição
"O Carnaval de São Paulo virou uma coisa grande. Os carros são sempre grandes." Essa
pérola, do comentarista da Globo Maurício Kubrusly, resume
a primeira transmissão em alta
definição do Carnaval paulistano. Tecnicamente (não artisticamente), a imagem digital estava impecável. Mas faltaram
som e informações. Sobraram
clichês, comentários irrelevantes, constatações óbvias e falso
entusiasmo.
Com frases do tipo "O Carnaval é uma prova de que é possível falar sem palavras", o comentarista Maurício Kubrusly
"prova" que existe coisa mais
chata do que ver desfile pela
TV: ouvir os comentaristas de
Carnaval na TV. Ainda mais
quando o repórter da Globo divide a função com a sambista
Lecy Brandão.
Lecy passa a metade do Carnaval chamando as baianas de
"tias" e os sambistas por apelidos. Na outra metade, ela faz jabá para os amigos. "A confecção
dessa roupa, que é muito bonita, foi feita [sic] pelo Fábio Santos" é apenas um exemplo.
A superficialidade é uma barreira. Lecy disse que o Carnaval
de 2008 seria um "divisor de
águas". Por quê? Quem sabe em
2009 ela responde.
A Globo levou uma dezena de
repórteres ao sambódromo.
Mas eles só apareciam nos intervalos, quase sempre inaudíveis, para informar que havia
"uma emoção muito grande" e
"expectativa total".
Renata Ceribelli e Chico Pinheiro, os âncoras, deram um
show de clichês: "Olha aí que
bonita a arquibancada", "Essa
energia toda", "Olha que bonita
a escola", "Olha que imagem
bonita", "Olha que luxo essa
fantasia", "Olha que alegria",
"Olha aí a emoção...", "Olha a
beleza desse casal de mestre-sala e porta-bandeira", "O sambódromo é um tapete de alegria", repetiam.
O áudio ruim foi outra característica marcante. Havia um
"delay" entre o som do sambódromo, muito baixo, e o da TV.
E foi um fiasco a tentativa de
medir os batimentos cardíacos
dos músicos. Numa das poucas
vezes em que isso ocorreu, o coração do sambista saltou de 80
para 170 batimentos, do repouso para o máximo.
A GAFE
A ex-big brother Íris Stefanelli atacou como repórter da Rede TV! no sambódromo de São
Paulo. Em sua primeira "reportagem", "entrevistou" três anônimos que tinham a dizer "Íris,
eu te amo". Quando encontrou
uma "celebridade", confundiu-a com outra. Chamou o ex-"Casa dos Artistas" Taiguara (negro) de Caetano Zonaro (loiro),
o primeiro eliminado de "BBB
1". "É que somos bastante parecidos", brincou Taiguara.
O TRUQUE
A Rede TV! deu um jeito de se
livrar de Adriana Lessa, a pior
do Carnaval em 2007. Adriana
se recuperou de uma doença a
tempo de trabalhar, mas a
emissora a substituiu pela modelo Janainna Jacobina. Ao lado de Nelson Rubens, Janainna
apenas sorria. No máximo,
abria a boca para anunciar o repórter que entraria no ar.
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