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Latinos são presença forte em festivais
Entre as nove mostras importantes de 2008, há peças de coletivos de países como Equador, Colômbia, Cuba e Peru
Em sua 17ª edição, evento curitibano tem nova coordenação e traz também apresentações de música, cinema e artes plásticas
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais receptividade a espetáculos latino-americanos: eis
uma tendência dos festivais de
teatro pelo Brasil em 2008, sejam nacionais ou internacionais. Há notícias ainda de uma
nova montagem do inglês Peter
Brook, de espetáculo nipônico
por ocasião do centenário de
imigração japonesa e de mudanças em coordenações.
Historicamente acolhidos no
Festival Internacional de Londrina (Filo), que chega à 20ª
edição e aos 40 anos (somadas
as fases de mostras universitária e nacional), e no Porto Alegre em Cena, na 15ª edição, países da América Latina são destaques também em territórios
mineiro e paulista.
A Mostra Latino-Americana
de Teatro de Grupo, iniciativa
da Cooperativa Paulista de
Teatro, vai para a terceira edição em maio e confirma a vinda
do colombiano Teatro de La
Candelaria, do peruano Yuyachkani e do equatoriano Malayerba (leia destaques à dir.).
Os mesmos coletivos retornam ao país, entre junho e julho, para se juntar ao boliviano
Teatro de los Andes e ao cubano Teatro de la Luna. Segundo
Carlos Rocha, coordenador do
9º Festival Internacional de
Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH), é uma mostra latina integrada à programação, que está sendo definida.
Uma das expressões do tango
argentino contemporâneo, a
cantora Susana Rinaldi se apresentará pela primeira vez no
Brasil em 20/5. O show inspira
o lançamento da programação
do Porto Alegre em Cena.
O festival gaúcho se vale da
privilegiada localização geográfica para estabelecer interlocução contínua com produções do
Uruguai e da Argentina. As
atrações vizinhas ainda não foram fechadas, mas o coordenador gaúcho, Luciano Alabarse,
já adianta que em setembro haverá montagens de dois grandes encenadores europeus: o
inglês Peter Brook e o lituano
Eimuntas Nekrosius.
Radicado na França, à frente
do Théâtre des Bouffes du
Nord e do Centro Internacional de Criação Teatral, Brook
assina "O Grande Inquisidor"
(2006), adaptação de Marie-Hélène Estienne para um dos
capítulos de "Os Irmãos Karamazov", de Dostoiévski.
Acompanhado por Joachim
Zuber, o veterano Bruce Myers,
que atua com Brook desde a década de 70, divisa a linha entre
mártires e monstros para refletir sobre liberdade e religião na
história da humanidade.
Nekrosius e seu grupo, Meno
Fortas (fortaleza da arte, em lituano), trarão uma versão de
"Fausto" (99), de Goethe.
De Londrina, o diretor do
festival, Luiz Bertipaglia, diz
que a abertura, em junho, será
feita pelo espetáculo "O Oratório de Aurélia", defendido pela
atriz e acrobata francesa Aurélia Thierrée, ao lado de outros
convidados. Ela é dirigida por
sua mãe, Victoria Thierrée
Chaplin (do Cirque Invisible),
filha do comediante inglês
Charles Chaplin.
Curitiba
O Festival de Teatro de Curitiba troca de comando a partir
desta 17ª edição, em março. Um
dos seus idealizadores em 1992,
Leandro Knopfholz assume a
direção-geral. Ele e a empresa
realizadora, Calvin Entretenimento, trabalham com a premissa de que a principal "vitrine" das produções brasileiras
deve comunicar-se mais com
outras áreas, como show, cinema e artes plásticas. A palavra
"teatro", por exemplo, será
subtraída do nome fantasia do
evento em favor do guarda-chuva Festival de Curitiba.
Entre as 21 peças a serem escaladas para a mostra oficial,
estão as estréias de "Deserto",
criação em processo da Cia.
Brasileira de Teatro (PR), "Volúpia", com a Cia. Carona (SC),
e ainda um destaque estrangeiro, a dança-teatro do The Condors, grupo japonês dirigido
por Ryohei Kondo. Quanto à
mostra paralela do festival,
Fringe, a organização estima
apresentar 250 espetáculos.
Os nove eventos relacionados nesta página evidenciam a
ampliação do circuito e expõem o desafio de se reinventar
o formato para não esgotá-lo.
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