São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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Yusef Lateef toca pela 1ª vez no Brasil

Instrumentista americano de 90 anos fará shows no Sesc Pompeia, em São Paulo, nos dias 12 e 13 de fevereiro

Músico diz que o gênero jazz não define sua produção e que compõe para "o espírito, a mente e o coração"

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se a busca pela beleza é o foco e a curiosidade, o combustível, o caminho é infinito. Yusef Lateef, além de compositor e multi-instrumentista desde os anos 1950, é também pesquisador reconhecido, mestre e professor.
Pela primeira vez no Brasil, aos 90, se apresenta no teatro do Sesc Pompeia, dias 12 e 13, acompanhado de Rob Mazurek (trompete), William Parker (baixo), Jason Adasiewicz (vibrafone), Thomas Rohrer (rabeca) e Maurício Takara (percussão).
Por telefone, de Amherst (EUA), Lateef conversou com a Folha.

 


Folha - O senhor considera sua música jazz, ou o jazz como parte de sua música?
Yusef Lateef
- A palavra jazz de nenhuma maneira define o que faço. Prefiro "música autofisiopsíquica", que quer dizer do físico e da mente, do espírito e do coração. Mesmo a palavra improviso não é apropriada, porque significaria fazer algo sem preparação. Se isso fosse verdade, ninguém precisaria praticar ou estudar música.

O senhor tinha um modelo quando começou a tocar instrumentos como oboé?
Desde o começo havia exemplos. Toda a natureza é um modelo, a beleza que pode ser percebida e transmitida pela música. Uma flor e suas pétalas expressam beleza e simplesmente refletir sobre essa beleza é algo que transparece na música de certos indivíduos que são sensíveis à beleza da criação.

Como foi a experiência de morar na África entre 1981 e 1985?
Eu era um pesquisador sênior na Universidade Ahmadu Bello, em Zaria, na Nigéria. Minha pesquisa era um instrumento da etnia Fulani, a flauta Sarewa. Também interagi com músicos e dramaturgos, como consultor musical. Foi muito informativo.

Música afro-americana é um termo comum. Teve sensação de origens por lá?
Sim. Descobri, por exemplo, que muitos temas comuns ao blues foram herdados da música dos povos Tiv, para citar um entre centenas de grupos étnicos na Nigéria. Encontrei a mesma construção de frases, as mesmas histórias típicas de sofrimento.

Depois de tantas coisas que o senhor fez, há algo que o deixe especialmente orgulhoso?
Bem, não sou orgulhoso. Tento não ficar. Tento ser humilde e servil e grato, essas são minhas aspirações.

O senhor completou 90 anos há poucos meses. Tem trabalhado muito?
Acabo de terminar minha série de sinfonias. Estou trabalhando em uma ópera. Se for a vontade de Deus, a terminarei.

YUSEF LATEEF

QUANDO dias 12/2., às 21h, e 13/2, às 18h
ONDE Sesc Pompeia (r. Clélia, 93; tel. 3871-7700)
QUANTO de R$ 8 a R$ 32
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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