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RELÂMPAGOS
Fidelidade canina
JOÃO GILBERTO NOLL
A baleeira sairia no fim da
manhã. Eu embarcaria para
não voltar. Faria votos de fidelidade canina ao novo lugar que jamais deveria deixar, mesmo que, se enfermo, lá não encontrasse recursos. Esperavam que me
aferrasse a esse destino. Não
como uma preparação para
correr ao encontro de uma
outra geografia. Lá precisaria permanecer até morrer,
só isso. Enquanto aguardava a hora, fui me despedir
das coisas por ali, largadas
ao relento, como se faltasse
coragem para usá-las. No
topo do morro vi a baleeira
que me levaria se aproximando do cais. Dia parado,
as águas pareciam coaguladas.
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