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CRÍTICA
Moby retorna aos anos 80, mas falta passar pelos 90
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Se todo o mundo hoje olha para os anos 80 com carinho e
corre atrás de um pedacinho para
tirar proveito, por que não Moby?
Depois do megassucesso que foi
"Play", com suas quase 10 milhões de cópias e músicas tocando
desde em comerciais de TV até
em trilha de lojas de departamento, fica difícil lembrar que Moby já
foi um produtor bem eclético.
Lá em 1992 ele lançava o primeiro álbum, que ajudava a dar formato ao tecno e ao trance por todos os anos 90; é dele também
"Everything Is Wrong" (95),
grande disco que já combinava
músicas de pistas com ambientações; e é dele também o punk rock
"Animal Rights" (96).
Com "Play", em 1999, Moby dava a largada para um outro tipo de
eletrônica: climática, inofensiva,
diluída, usando misturas vocais
soul. Muita gente cairia nessa; ele
próprio, há três anos, com "18",
retornou à armadilha.
Este "Hotel" mostra um produtor diferente. Primeiro, o disco
não traz samples. Moby toca guitarra, baixo, teclados... É um disco
pop, mais do que eletrônico.
O problema aqui é que "Hotel"
é um disco esquemático. Muitas
de suas 14 faixas se encerram em
soluções fáceis. É o caso de "Spiders" e "Raining Again", duas das
canções mais dançantes do álbum. A primeira começa com
Moby cantando sobre uma base
de teclados; o ritmo vai num crescendo até chegar ao refrão, que
"explode" com um coral. Sim, levanta o público, mas esse truque é
velho. A segunda inicia com uma
marcação de bateria que lembra
Stone Roses, corta para uma base
de piano, volta para a bateria e assim segue, em velocidade pouco
maior. Só. Espera-se mais de alguém que fez faixas como "Go".
O primeiro single, "Lift Me Up",
é a "bandeira anos 80" de Moby.
Tem guitarra, backing vocal, lembra Depeche Mode. A década retorna com toda a força no cover
"Temptation". Aqui, o produtor
segura a eufórica faixa do New
Order numa versão intimista, levada quase num sussurro pela voz
de Laura Dawn. Não anima.
Já "Very" é, talvez, a que mais
destoa em "Hotel". Tem batida
disco, rápida, com um vocal sexy.
Divertida, cai bem numa pista.
Na metade final do álbum,
Moby "puxa o freio", se dirige à
ambient music e até arrisca mais.
"I Like it" é diferente, permeada
por barulhinhos, meio trip hop; é
o tipo de experimentação que se
deseja ouvir num disco de alguém
como Moby. E abre caminho para
a boa balada "Love Should".
Com "Hotel", Moby retorna aos
anos 80. Mas faltou passar pelo
começo dos 90, quando ele realmente fazia uma diferença.
Hotel
Artista: Moby
Lançamento: EMI
Quanto: a definir
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