São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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CDS

POP

Cantado em quatro línguas, disco do "Brazilian Girls" é lançado no Brasil

"Falsos brasileiros" transitam entre a chanson e a eletrônica

DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro, é preciso esclarecer de cara esse nome, Brazilian Girls: eles não são brasileiros nem são garotas -bem, três deles não são.
Brazilian Girls são quatro: a vocalista Sabina Sciubba, italiana, mas criada na França e na Alemanha; seu namorado, o argentino Didi Gutman (tecladista); e os americanos Jesse Murphy (baixista) e Aaron Johnston (bateria).
O grupo foi formado há um ano e meio, em Nova York. Hoje, lança o disco de estréia, homônimo, que chega também ao Brasil. "É apenas uma brincadeira, não tem nenhum significado profundo ou existencial...", disse Sciubba à Folha, sobre o porquê de Brazilian Girls. "Foi o nome de que mais gostamos. Tínhamos pensado em The Eagles [as águias]..."
As idiossincrasias do grupo continuam. Poliglota, Sciubba canta em cinco línguas -quatro delas, inglês, francês, alemão e espanhol, estão no álbum; o italiano ficou de fora. "Morei em vários países e tenho amigos que falam em diversos idiomas, então falo em várias línguas no meu cotidiano. Seria artificial me concentrar em apenas um idioma."
O Brazilian Girls é parte de uma cena de bandas e artistas que giram em torno do Nublu, misto de bar e casa noturna de Nova York. Estão conectados, por exemplo, ao coletivo Wax Poetic, que passou por São Paulo recentemente.
"O dono do Nublu é músico e produz discos. Ele abriu o bar e chamou as pessoas que conhecia para tocar ali. Então vários grupos começaram lá mesmo. São formados por artistas, pintores, poetas, músicos, todo o tipo de gente, de várias nacionalidades... É como uma família."
Sciubba, que já foi cantora de natureza jazzística, hoje lidera o Brazilian Girls em direção de um som mais pop, com pitadas de eletrônica e até de reggae. "Diria que é um electro mesclado com lounge music. Mas talvez pudéssemos inventar uns nomes novos, elaborados...", brinca.
É ela quem escreve grande parte das canções do grupo, algumas com temas quase eróticos, como "Pussy" e "Don't Stop" ("Não pare, não pare, até eu gozar"). "Tiro inspiração das minhas neuroses... Se não escrevo, me sinto vazia."
No disco de estréia, misturam-se canções que tangenciam o pop, como "Don't Stop" e "Dance Till the Morning", ou em que Serge Gainsburg aparece como clara inspiração ("Homme").
"Lazy Lover" chega com toques latinos, meio lounge, e "Sirènes de la Fête" segue essa linha; "Corner Store" beira o reggae e a chanson; já "Pussy" também passeia pela Jamaica. A Alemanha aparece em "Die Gedanken Sind Frei", num inclassificável pop percussivo.
"Me Gustas Cuando Callas" chega perto do que se convém chamar de world music, de "exótico", e é o ponto fraco do disco.
O Brazilian Girls se impõe acima de outros grupos de pop açucarado ou da praga chamada "música de chill out" pela personalidade de Sciubba; suas letras têm algo a dizer, e sua voz tem elasticidade. É música sexy, engraçada e que atiça os ouvidos. (THIAGO NEY)


Brazilian Girls
Artista:
Brazilian Girls
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 38, em média


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