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CDS
POP
Cantado em quatro línguas, disco do "Brazilian Girls" é lançado no Brasil
"Falsos brasileiros" transitam entre a chanson e a eletrônica
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro, é preciso esclarecer
de cara esse nome, Brazilian Girls:
eles não são brasileiros nem são
garotas -bem, três deles não são.
Brazilian Girls são quatro: a vocalista Sabina Sciubba, italiana,
mas criada na França e na Alemanha; seu namorado, o argentino
Didi Gutman (tecladista); e os
americanos Jesse Murphy (baixista) e Aaron Johnston (bateria).
O grupo foi formado há um ano
e meio, em Nova York. Hoje, lança o disco de estréia, homônimo,
que chega também ao Brasil. "É
apenas uma brincadeira, não tem
nenhum significado profundo ou
existencial...", disse Sciubba à Folha, sobre o porquê de Brazilian
Girls. "Foi o nome de que mais
gostamos. Tínhamos pensado em
The Eagles [as águias]..."
As idiossincrasias do grupo
continuam. Poliglota, Sciubba
canta em cinco línguas -quatro
delas, inglês, francês, alemão e espanhol, estão no álbum; o italiano
ficou de fora. "Morei em vários
países e tenho amigos que falam
em diversos idiomas, então falo
em várias línguas no meu cotidiano. Seria artificial me concentrar
em apenas um idioma."
O Brazilian Girls é parte de uma
cena de bandas e artistas que giram em torno do Nublu, misto de
bar e casa noturna de Nova York.
Estão conectados, por exemplo,
ao coletivo Wax Poetic, que passou por São Paulo recentemente.
"O dono do Nublu é músico e
produz discos. Ele abriu o bar e
chamou as pessoas que conhecia
para tocar ali. Então vários grupos
começaram lá mesmo. São formados por artistas, pintores, poetas, músicos, todo o tipo de gente,
de várias nacionalidades... É como uma família."
Sciubba, que já foi cantora de
natureza jazzística, hoje lidera o
Brazilian Girls em direção de um
som mais pop, com pitadas de
eletrônica e até de reggae. "Diria
que é um electro mesclado com
lounge music. Mas talvez pudéssemos inventar uns nomes novos,
elaborados...", brinca.
É ela quem escreve grande parte
das canções do grupo, algumas
com temas quase eróticos, como
"Pussy" e "Don't Stop" ("Não pare, não pare, até eu gozar"). "Tiro
inspiração das minhas neuroses...
Se não escrevo, me sinto vazia."
No disco de estréia, misturam-se canções que tangenciam o pop,
como "Don't Stop" e "Dance Till
the Morning", ou em que Serge
Gainsburg aparece como clara
inspiração ("Homme").
"Lazy Lover" chega com toques
latinos, meio lounge, e "Sirènes de
la Fête" segue essa linha; "Corner
Store" beira o reggae e a chanson;
já "Pussy" também passeia pela
Jamaica. A Alemanha aparece em
"Die Gedanken Sind Frei", num
inclassificável pop percussivo.
"Me Gustas Cuando Callas"
chega perto do que se convém
chamar de world music, de "exótico", e é o ponto fraco do disco.
O Brazilian Girls se impõe acima de outros grupos de pop açucarado ou da praga chamada
"música de chill out" pela personalidade de Sciubba; suas letras
têm algo a dizer, e sua voz tem
elasticidade. É música sexy, engraçada e que atiça os ouvidos.
(THIAGO NEY)
Brazilian Girls
Artista: Brazilian Girls
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 38, em média
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