São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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"FEMINICES"

Comédia de tons autobiográficos ri dos problemas afetivos de quatro mulheres por volta dos 40 anos no Rio

Oliveira cria seu "Sex and the City" tropical

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO

Quatro mulheres maduras discutem seus relacionamentos. Ressuscitaram o seriado "Sex and the City"? Não, este é o enredo de "Feminices", de Domingos Oliveira, que estréia hoje em São Paulo.
Em vez de Nova York e cosmopolitans, Rio de Janeiro e cerveja gelada para fazer uma crônica bem-humorada das relações entre homens e mulheres ou, como Oliveira gosta de chamar, um "quase-documentário". "Se eu tivesse lançado o filme logo depois do sucesso de "Sex and the City", iam dizer que era plágio. Eu acho que é um elogio ser uma espécie de "Sex and the City" brasileiro. Temos o mesmo universo", diz.
É mais uma homenagem ao universo feminino, após um mergulho no outro lado da moeda em "Separações". "Ao que parece, sou interessado nesse assunto [mulheres]", brinca, para completar, mais sério: "Fui criado por minha mãe e minha avó. Essa formação desde cedo me despertou para o universo das mulheres. Minha personalidade é muito feminina".
"A mulher é muito mais interessante e existencial do que o homem. Os homens conversam sobre assuntos rasos; as mulheres estão preocupadas com as grandes questões humanas", elogia.
Para ele, havia no passado um pacto social, com a mulher sendo a dona da casa, e o homem, o dono da rua. "Isso agora caiu por terra. Hoje, como as mulheres são iguais aos homens, nunca se viu tanta diferença entre os dois."
Mulherengo também seria uma boa definição para Domingos Oliveira. Ele foi casado cinco vezes. "Mas não sou um homem de muitas mulheres. Sou um homem de muitos amores. Aos 69 anos, posso dizer que me apaixonei umas 50 ou cem vezes. Tenho muito tempo de serviço", ri.
Em "Feminices", Oliveira volta a explorar situações autobiográficas: "Toda vez que descrevo algo não autobiográfico, me sinto um trapaceiro. Mas claro que acabo tendo que inventar muito, já que a mentira é a alma do negócio. Confissão não é arte, é catarse".
Seria uma terapia? "Em meus filmes, tento compreender melhor as coisas e, muitas vezes, consertar a realidade. Em "Todas as Mulheres do Mundo", fico com a Leila [Diniz]. Na vida real, a gente se separou. O cinema é meu desejo de a realidade ser diferente."
E completa com uma definição de si mesmo: "Tudo é sexo. Freud tinha razão. O amor é efeito colateral. Sou apenas o que as mulheres que amei fizeram de mim".
Ele promete continuar com as homenagens às mulheres. Estréia em abril um programa de entrevistas chamado "Todas as Mulheres do Mundo", no Canal Brasil.


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