|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"FEMINICES"
Comédia de tons autobiográficos ri dos problemas afetivos de quatro mulheres por volta dos 40 anos no Rio
Oliveira cria seu "Sex and the City" tropical
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Quatro mulheres maduras discutem seus relacionamentos. Ressuscitaram o seriado "Sex and the
City"? Não, este é o enredo de "Feminices", de Domingos Oliveira,
que estréia hoje em São Paulo.
Em vez de Nova York e cosmopolitans, Rio de Janeiro e cerveja
gelada para fazer uma crônica
bem-humorada das relações entre homens e mulheres ou, como
Oliveira gosta de chamar, um
"quase-documentário". "Se eu tivesse lançado o filme logo depois
do sucesso de "Sex and the City",
iam dizer que era plágio. Eu acho
que é um elogio ser uma espécie
de "Sex and the City" brasileiro.
Temos o mesmo universo", diz.
É mais uma homenagem ao
universo feminino, após um mergulho no outro lado da moeda em
"Separações". "Ao que parece, sou interessado nesse assunto [mulheres]",
brinca, para completar, mais sério: "Fui criado por minha mãe e
minha avó. Essa formação desde
cedo me despertou para o universo das mulheres. Minha personalidade é muito feminina".
"A mulher é muito mais interessante e existencial do que o homem. Os homens conversam sobre assuntos rasos; as mulheres
estão preocupadas com as grandes questões humanas", elogia.
Para ele, havia no passado um
pacto social, com a mulher sendo
a dona da casa, e o homem, o dono da rua. "Isso agora caiu por
terra. Hoje, como as mulheres são
iguais aos homens, nunca se viu
tanta diferença entre os dois."
Mulherengo também seria uma
boa definição para Domingos Oliveira. Ele foi casado cinco vezes.
"Mas não sou um homem de
muitas mulheres. Sou um homem
de muitos amores. Aos 69 anos,
posso dizer que me apaixonei
umas 50 ou cem vezes. Tenho
muito tempo de serviço", ri.
Em "Feminices", Oliveira volta
a explorar situações autobiográficas: "Toda vez que descrevo algo
não autobiográfico, me sinto um
trapaceiro. Mas claro que acabo
tendo que inventar muito, já que a
mentira é a alma do negócio. Confissão não é arte, é catarse".
Seria uma terapia? "Em meus
filmes, tento compreender melhor as coisas e, muitas vezes, consertar a realidade. Em "Todas as
Mulheres do Mundo", fico com a
Leila [Diniz]. Na vida real, a gente
se separou. O cinema é meu desejo de a realidade ser diferente."
E completa com uma definição
de si mesmo: "Tudo é sexo. Freud
tinha razão. O amor é efeito colateral. Sou apenas o que as mulheres que amei fizeram de mim".
Ele promete continuar com as
homenagens às mulheres. Estréia
em abril um programa de entrevistas chamado "Todas as Mulheres do Mundo", no Canal Brasil.
Texto Anterior: "O Vôo da Fênix": John Moore mescla estilos para narrar queda de avião no deserto Próximo Texto: Crítica: Diretor tem algo a preservar Índice
|