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ARTES VISUAIS
Marcelo Cidade une nu, cimento e texto baseado em revoluções sociais em ação interativa na mostra Corpo
Performance provoca polêmica no Itaú
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Revolução Mexicana (Villa e
Zapata), liberdade na Palestina,
devaneios individuais, loucura e
estado de transe." Enquanto lia
essa seqüência de revoluções, o
artista plástico Marcelo Cidade,
25, foi atacado com pedaços de cimento molhado, arremessados
por cinco pessoas.
Três minutos depois, com o corpo nu e o rosto totalmente cobertos de cimento, o artista encerrou
a performance "Fuzilamento",
atração de anteontem da exposição "Corpo", em cartaz no Itaú
Cultural. A obra dividiu opiniões.
"Foi uma agressão. Já fui a outras performances e a espetáculos
de teatro como o La Fura dels
Baus, mas o público sempre é avisado que é interativo", reclamou a
economista e artista plástica Rebeca Lisbona, 52. Ela e uma amiga
estavam sentadas próximas ao artista e foram atingidas por respingos de cimento. Antes de sair do
espaço, Rebeca fez seu protesto e
foi insultada pelos espectadores.
"O que eu mais gostei foi essa
mulher gritando no final", disse o
estudante de artes plásticas Hugo
Frasa, 25, amigo de Cidade e um
dos arremessadores de cimento.
Com a performance, o artista
propõe uma reflexão sobre as revoluções (políticas, sociais, culturais e pessoais) e também sobre as
ligações entre a arte, a cidade e o
corpo. "O cimento é a base da
construção civil, quando o jogam sobre mim me transformo numa espécie de monumento."
"Achei inesperado", opinou
Bernadete da Silva, 27, universitária, que fazia visita monitorada à
mostra. "O ato de atirar com força
parece que quer agredir. Não tive
coragem de jogar porque fiquei
com medo de acertar nos olhos
ou nas partes íntimas."
Grafite
Proeminente artista da nova geração, Cidade deve participar de
quatro exposições no exterior
neste ano. Duas serão na França,
dentro do calendário oficial do
ano do Brasil no país. Ele deve
participar ainda da Bienal de Arquitetura em Amsterdã, com uma
intervenção urbana, e de uma exposição em San Diego (EUA),
com artistas que levam questões
urbanas para dentro do museu.
Em São Paulo, sua próxima exposição será inaugurada no dia
15. Será numa loja de tintas e
sprays, na galeria 24 de Maio, no
centro, onde ele não quer mostrar
grafites, mas trabalhos de arte.
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