São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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ARTES VISUAIS

Marcelo Cidade une nu, cimento e texto baseado em revoluções sociais em ação interativa na mostra Corpo

Performance provoca polêmica no Itaú

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Revolução Mexicana (Villa e Zapata), liberdade na Palestina, devaneios individuais, loucura e estado de transe." Enquanto lia essa seqüência de revoluções, o artista plástico Marcelo Cidade, 25, foi atacado com pedaços de cimento molhado, arremessados por cinco pessoas.
Três minutos depois, com o corpo nu e o rosto totalmente cobertos de cimento, o artista encerrou a performance "Fuzilamento", atração de anteontem da exposição "Corpo", em cartaz no Itaú Cultural. A obra dividiu opiniões.
"Foi uma agressão. Já fui a outras performances e a espetáculos de teatro como o La Fura dels Baus, mas o público sempre é avisado que é interativo", reclamou a economista e artista plástica Rebeca Lisbona, 52. Ela e uma amiga estavam sentadas próximas ao artista e foram atingidas por respingos de cimento. Antes de sair do espaço, Rebeca fez seu protesto e foi insultada pelos espectadores.
"O que eu mais gostei foi essa mulher gritando no final", disse o estudante de artes plásticas Hugo Frasa, 25, amigo de Cidade e um dos arremessadores de cimento.
Com a performance, o artista propõe uma reflexão sobre as revoluções (políticas, sociais, culturais e pessoais) e também sobre as ligações entre a arte, a cidade e o corpo. "O cimento é a base da construção civil, quando o jogam sobre mim me transformo numa espécie de monumento."
"Achei inesperado", opinou Bernadete da Silva, 27, universitária, que fazia visita monitorada à mostra. "O ato de atirar com força parece que quer agredir. Não tive coragem de jogar porque fiquei com medo de acertar nos olhos ou nas partes íntimas."

Grafite
Proeminente artista da nova geração, Cidade deve participar de quatro exposições no exterior neste ano. Duas serão na França, dentro do calendário oficial do ano do Brasil no país. Ele deve participar ainda da Bienal de Arquitetura em Amsterdã, com uma intervenção urbana, e de uma exposição em San Diego (EUA), com artistas que levam questões urbanas para dentro do museu.
Em São Paulo, sua próxima exposição será inaugurada no dia 15. Será numa loja de tintas e sprays, na galeria 24 de Maio, no centro, onde ele não quer mostrar grafites, mas trabalhos de arte.


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