São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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POLÍTICA

"Há Motivos" faz propaganda contra Aznar

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Hollywood até pode ter se destacado ultimamente por fazer alguns corajosos filmes anti-Bush. Mas, em termos de engajamento político, o novo cinema espanhol foi bem mais longe. No final do governo do conservador José María Aznar (1996-2004), os cineastas espanhóis decidiram fazer um longa para pedir que Aznar fosse tirado do poder. O resultado é "Há Motivos".
Produzido e dirigido em apenas três semanas, o longa é composto por 32 curtas, de três minutos cada um, dessa frente contra a direita espanhola. Reúne alguns dos nomes mais vistosos do cinema espanhol, de Julio Medem ("Os Amantes do Círculo Polar") a Isabel Coixet ("Minha Vida sem Mim").
Só que os primeiros curtas, de temática "social", mostram que a propaganda política seria ainda pior sem marqueteiros. A tese de que a classe média espanhola vive em uma pobreza de dar dó não convence, vista do Brasil.
"Há Motivos" melhora da metade para o final, quando os curtas tratam dos maiores pecados do governo Aznar. Da invasão do Iraque ao apoio cego a Bush, da manipulação da TV estatal à tragédia ambiental do navio Prestige (que derramou petróleo no litoral da Galícia, e Aznar não deu muita bola), a propaganda se torna eficiente.
O melhor curta é o último. Com o filme já circulando na internet, acontece o atentado de 11 de março, quando a Al Qaeda detonou bombas nos trens em Madri. "Epílogo", dirigido pelo crítico de cinema Diego Galán, narra a manipulação de Aznar, que tentou por todos os meios culpar o grupo terrorista basco ETA pelo atentado. Temia que os espanhóis ligassem o terrorismo islâmico à participação espanhola na Guerra do Iraque, que contrariava 90% da população.
A mentira de Aznar não foi perdoada pelo eleitorado, que votou em massa no socialista José Luis Rodríguez Zapatero, atual premiê espanhol. Aznar era o primeiro grande aliado de Bush a ser mandado para casa. Essa última história certamente é "o" motivo para o voto do eleitorado espanhol e para o telespectador.


Há Motivos
Quando:
hoje, às 22h, no Eurochannel


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