São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Música

Reclamona, Rita Lee celebra 40 anos de palco

Aos 60, cantora e compositora apresenta os maiores sucessos de sua carreira

Show de rock familiar traz o marido Roberto de Carvalho e o filho Beto Lee; ingressos para este fim de semana já estão esgotados

IVAN FINOTTI
EDITOR DO FOLHATEEN

Rita Lee não tem do que reclamar: acaba de completar 60 anos de vida e 40 de sucesso.
Seu novo show, "PicNic", que estréia hoje no HSBC Brasil, está com os ingressos esgotados para este fim de semana. Por conta disso, ganhou novas datas no fim do mês, nos dias 25 e 26/4. Ela não tem do que reclamar.
Ah, mas ela reclama! Dos políticos (claro), dos que maltratam os animais (claro), dos jornalistas... Dos jornalistas, Rita?
"Sim, porque não dá para deletar o jornalista!", reclama ela, que há anos prefere fazer entrevistas por e-mail. Confira abaixo as bem-humoradas reclamações de Rita Lee.

 

FOLHA- Seu show traz sucessos de toda a carreira. Nos anos 80, algumas dessas músicas foram muito criticadas por se afastarem do rock e serem mais comerciais. Acha que isso faz algum sentido?
RITA -
Quando eu fiz rock radical, me cobravam "brasilidade"; quando fiz pop, me cobravam pauleira; quando fiz bossa, me cobravam rock radical. Qualquer artista alternativo que começa a fazer sucesso é automaticamente criticado.

FOLHA- Você está no palco com seu marido Roberto de Carvalho e seu filho Beto Lee. Desse jeito, os almoços de domingo em família acabam virando reuniões de trabalho?
RITA -
Por outro lado, o salário família fica melhor.

FOLHA- Você é muito mandona? Eles dois reclamam?
RITA -
Cruzes, sou uma santa criatura, mulher submissa, mãe sofredora, artista vendida.

FOLHA- Aos 40 anos de carreira, qual é a melhor coisa que você fez musicalmente?
RITA -
Tenho uma baita autocrítica que não me deixa nenhuma escolha.

FOLHA- E do que se arrepende?
RITA -
De ter participado do primeiro Rock in Rio, em 85.

FOLHA- Você diz que anda reclamona e que deve ser a idade. Reclama um pouco da vida aí pra gente.
RITA -
Antes de sair do meu lar, doce lar, para fazer um show, eu reclamo do avião, do hotel, da comida, do ar refrigerado, de gente que fala alto, de dor nas costas, de piriri. No instante em que piso no palco, o vinagre se transforma em vinho.

FOLHA- Reclama mais um pouco?
RITA -
Dos políticos, dos médicos, dos advogados, dos que maltratam os animais, dos jornalistas.

FOLHA- Entrevistas por e-mail não dão chance ao repórter para retrucar. Por que você só dá entrevistas por e-mail? É alergia a jornalistas?
RITA -
Você é que está reclamando agora. Se quiser retrucar, mande sua segunda leva de perguntas, ora bolas.

FOLHA- Você sempre foi stoniana de carteirinha, mas quando resolveu gravar um disco de covers, escolheu os Beatles. Vai rolar um dos Stones?
RITA -
Time is on my side...

FOLHA- O que você sente com o culto e a redescoberta do som dos Mutantes por uma nova geração? Alegria? Indiferença?
RITA -
Parabéns, você é a milionésima pessoa que me pergunta isso. Fico orgulhosa de saber que o som daquele trio sempre esteve anos-luz à frente do seu tempo.

 

Após o convite de Rita para retrucar, a Folha enviou mais três perguntas:
 

FOLHA- Por que o arrependimento sobre o Rock in Rio? O que houve de tão ruim?
RITA -
Uma falta de respeito total com os artistas brasileiros, que não tiveram tempo para passar o som e tiveram péssimas condições de acomodação. Mas, pior de tudo: roubaram minha guitarra Telecaster vintage!!!!!!

FOLHA- Rita, você reclamou dos jornalistas, mas não respondeu por que não gosta de dar entrevistas ao vivo. Por que não?
RITA -
Porque não dá para deletar o jornalista!

FOLHA- Foi mal a falta de originalidade jornalística, mas os Mutantes fazem parte de sua carreira; todo repórter tem de perguntar. A propósito, você vai tocar alguma dos Mutantes neste show?
RITA -
Meu, se eu fosse você aproveitaria para fazer uma pergunta diferente sobre Mutantes, como por exemplo: Rita, porque nesse revival os Mutantes não tocaram nem uma música composta depois que você saiu? E agora, dona Aurora?


PICNIC
Quando:
hoje e amanhã, às 22h (esgotados); dias 25 e 26/4; às 22h
Onde: HSBC Brasil (antigo Tom Brasil Nações Unidas - r. Bragança Paulista, 1.281, tel. 2163-2000)
Quanto: de R$ 60 a R$ 160


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