São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2011 |
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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO "São Miguel do Gostoso" revela fissuras nos sonhos de uma cidade paradisíaca RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA Em seus primeiros minutos, "São Miguel do Gostoso" deixa a impressão de ser uma peça turístico-sensorial sobre um paraíso na terra habitado por "bons selvagens", a vila de pescadores do Rio Grande do Norte que dá título ao documentário. Mas aos poucos, de maneira sutil, o diretor Eugênio Puppo começa a fechar seu foco e a revelar as pequenas fissuras no sonho da descoberta de um éden intocado. Com o aumento do afluxo de turistas para o local, atraídos por nove meses anuais de sol e vento, São Miguel do Gostoso passa a enfrentar uma intensa transformação social, cultural e econômica. Entre os problemas decorrentes dessas mudanças, estão a falta de emprego, a degradação do ambiente e uma especulação imobiliária -em que terrenos comprados a preço de banana são convertidos em milionários condomínios fechados. Há muitos depoimentos reveladores no filme. Como o de um jovem humilde que parecia ter encontrado uma forma de ascensão social como instrutor de kitesurf e acabou sendo preso por tráfico de drogas. Ou o de uma norueguesa que reclama da preguiça dos potiguares. Puppo observa essa realidade sem fazer julgamentos, deixando o espectador livre para tirar suas conclusões. E uma delas é que em São Miguel do Gostoso se reencena hoje, em escala reduzida, o velho drama do extrativismo que vem do período colonial. Não por acaso, o documentário ressalta o fato de que nesse município os portugueses colocaram seu primeiro marco colonizador no Brasil, em 1501, apenas um ano após o descobrimento. Responsável pelo resgate de títulos fundamentais do cinema marginal, em mostras e DVDs, Puppo mostra em seu longa que soube se aproveitar do trabalho de curador para aguçar o olhar de cineasta. SÃO MIGUEL DO GOSTOSO DIREÇÃO Eugênio Puppo QUANDO hoje, às 16h, na Sala Cinemateca; quarta, às 19h, no Reserva Cultural, em São Paulo; quinta, às 14h, e domingo, às 18h, no Espaço Museu da República; sexta, às 9h, no Ponto Cine Guadalupe; CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Exposições e documentário celebram artista Próximo Texto: Luiz Felipe Pondé: O parque temático do bem Índice | Comunicar Erros |
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