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ANÁLISE
Novela cumpre promessa de boa produção
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
O primeiro capítulo da nova
novela da Record foi de tirar
o fôlego. Durante uma hora seguida, sem intervalos comerciais, a
estréia de "Essas Mulheres" manteve o público ligado.
Mais uma versão da incansável
Cinderela -porém ambientada
no final do século 19 e com alusões ao universo literariamente
correto de José de Alencar-, a
novela representa um feito para
os padrões de realização da emissora paulista.
Seqüências noturnas, perseguição policial, blocos de carnaval de
rua e emboscada garantiram muita ação ao primeiro capítulo.
Um baile serviu de palco para a
valsa apaixonada da moça pobre
mascarada com o príncipe loiro.
Para não virar abóbora, ela deixa
sorrateiramente o recinto.
O filho bastardo e submisso
(Celso Frateschi em participação
especial, já que seu personagem
morre logo em uma emboscada)
enfrentou o pai, um velho coronel
autoritário (Sérgio Mamberti).
O elenco é bom. O figurino de
época impressiona. A estrutura
de "bem x mal" da trama não deixa dúvidas. O resultado do trabalho corresponde à promessa
anunciada com a contratação de
atores e diretores ex-globais.
A equipe de roteiristas, chefiada
por Marcílio Moraes, autor que
colaborou em novelas interessantes como "Roque Santeiro", inseriu algumas gracinhas, como a
menção da vilã à Gata Borralheira, referência que reconhece o
tom convencional da coisa.
A experiência de "A Escrava
Isaura" sugere que o aprimoramento da qualidade de produção.
Mas é bom lembrar que o remake
se aventurou também no universo afro-brasileiro dos quilombos.
Pena que o esforço esteja amarrado a um formato tão limitado. A
opção da emissora por adaptações literárias de textos clássicos é
questionável. O medo de ir além
do dramalhão bem realizado acaba limitando. Para superar a dezena nos índices de audiência, é
provável que o público exija temas e formas mais provocativos.
Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP
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