São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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ANÁLISE

Novela cumpre promessa de boa produção

ESTHER HAMBURGER

ESPECIAL PARA A FOLHA

O primeiro capítulo da nova novela da Record foi de tirar o fôlego. Durante uma hora seguida, sem intervalos comerciais, a estréia de "Essas Mulheres" manteve o público ligado.
Mais uma versão da incansável Cinderela -porém ambientada no final do século 19 e com alusões ao universo literariamente correto de José de Alencar-, a novela representa um feito para os padrões de realização da emissora paulista.
Seqüências noturnas, perseguição policial, blocos de carnaval de rua e emboscada garantiram muita ação ao primeiro capítulo.
Um baile serviu de palco para a valsa apaixonada da moça pobre mascarada com o príncipe loiro. Para não virar abóbora, ela deixa sorrateiramente o recinto.
O filho bastardo e submisso (Celso Frateschi em participação especial, já que seu personagem morre logo em uma emboscada) enfrentou o pai, um velho coronel autoritário (Sérgio Mamberti).
O elenco é bom. O figurino de época impressiona. A estrutura de "bem x mal" da trama não deixa dúvidas. O resultado do trabalho corresponde à promessa anunciada com a contratação de atores e diretores ex-globais.
A equipe de roteiristas, chefiada por Marcílio Moraes, autor que colaborou em novelas interessantes como "Roque Santeiro", inseriu algumas gracinhas, como a menção da vilã à Gata Borralheira, referência que reconhece o tom convencional da coisa.
A experiência de "A Escrava Isaura" sugere que o aprimoramento da qualidade de produção. Mas é bom lembrar que o remake se aventurou também no universo afro-brasileiro dos quilombos.
Pena que o esforço esteja amarrado a um formato tão limitado. A opção da emissora por adaptações literárias de textos clássicos é questionável. O medo de ir além do dramalhão bem realizado acaba limitando. Para superar a dezena nos índices de audiência, é provável que o público exija temas e formas mais provocativos.


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP

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