São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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Música

Connick faz tributo a Nova Orleans

Cantor e pianista comanda show de encerramento do festival de sua cidade natal, neste domingo, à frente de big band

Músico toca canções de "Oh, My NOLA" e "Chanson du Vieux Carré" e diz que celebração é fundamental para recuperação pós-Katrina


CARLOS CALADO
ENVIADO A NOVA ORLEANS (EUA)

Para o grande público, ele despontou na cena musical como um cantor-galã, seguidor do estilo de Frank Sinatra, no final dos anos 80. Na década seguinte, também se tornou ator de cinema, em filmes como "Independence Day" e "Copycat -0A Vida Imita a Morte". Até ganhou um papel na série de TV "Will & Grace", em 2002.
Hoje, com 22 álbuns lançados e 14 filmes no currículo, o cantor e pianista Harry Connick Jr., 39, mostra que o ingresso no mundinho das celebridades não perturbou sua trajetória musical. Neste domingo, dia 6, ele "volta às raízes": à frente de sua big band, comanda o principal show de encerramento da 38ª edição do Jazz & Heritage Festival, em Nova Orleans.
Em entrevista exclusiva à Folha, Connick diz que, apesar de já ter tocado várias vezes nesse festival, está muito contente por participar desta edição. "Um evento tão gigantesco como esse, que celebra a música e a cultura de Nova Orleans, atrai um grande número de turistas. Isso é fundamental para que a cidade possa se recuperar", comenta, referindo-se à devastação provocada pelo furacão Katrina, em 2005.
Connick diz que não preparou nada de especial para essa apresentação. Até porque a extensa turnê que tem feito pelos Estados Unidos, desde fevereiro, já é uma homenagem expressa a Nova Orleans.

Cidade natal
O repertório do show é baseado em seus álbuns "Oh, My NOLA" e "Chanson du Vieux Carré", lançados em janeiro. Neles, o cantor e pianista interpreta canções clássicas e composições próprias dedicadas à sua cidade natal.
"Amo a música de Nova Orleans desde garoto. Se algo de bom surgiu a partir da tragédia do Katrina, foi o fato de que muita gente passou a prestar mais atenção nessa música", comenta Connick, que revela ser também um talentoso arranjador para big band, no CD "Chanson du Vieux Carré", recém-lançado no Brasil pela Universal Music.
"Fiz algumas dessas gravações quatro anos atrás, bem antes do Katrina. Outras aconteceram em meados do ano passado. Fico contente por ver esse trabalho lançado, finalmente, porque este é um grande momento para divulgar essa música", diz Connick, que escreveu inventivos arranjos para clássicos como "Bourbon Street Parade" (Paul Barbarin) e "New Orleans" (Hoagy Carmichael). "É divertido arranjar essas canções. São tão bem-feitas que você pode escrever algo tradicional, assim como algo mais moderno."
Lembrando que tocou pela primeira vez no festival de Nova Orleans aos dez anos de idade, Connick conta que tem ótimas recordações de sua estréia. "Lembro de estar cercado por músicos incríveis, como James Booker, Freddie Coleman ou Walter Payton. Eles me deixaram fascinado não só pela música que tocavam.
Também fizeram com que eu me sentisse alguém muito especial por participar daquele clube de músicos tão maravilhosos."
Após três décadas de carreira musical e quase duas no cinema, como Connick avalia essas atividades paralelas? A carreira de ator não o teria desviado da música? "Adoro tocar e escrever música, mas não gostaria de fazer só isso o tempo todo. É bom poder dar uma parada. Mesmo quando atuo em algum filme, normalmente, eu aproveito para escrever música. Atuar é outra possibilidade de ser criativo e funciona bem para mim".
Connick diz que também tem ótimas lembranças do Brasil, que veio a conhecer em 1995, durante suas apresentações no extinto Free Jazz Festival. "O Brasil é um lugar divertido, com pessoas muito legais, que vivem a música intensamente. Eu adoraria poder retornar um dia", conclui.


O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite do New Orleans Convention & Visitors Bureau e do Bourbon Street Music Club

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