São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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Crítica

Filme de Murat mostra amargo retrato social

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em "Quase Dois Irmãos" (HBO Plus, 0h45), dois amigos de infância se reencontram. Miguel era rico, mas o pai, homem de esquerda, gostava de vê-lo brincar com crianças de outras classes sociais. Jorge era seu grande amigo, podia ser seu irmão.
Ao crescer, ambos se reencontrarão na cadeia. Miguel, o rico, é preso político, pertence a uma organização guerrilheira. Jorge, o pobre, virou traficante. Nessa cadeia, os presos políticos ensinarão os detentos comuns a se comportar como gente. E, portanto, a se organizar.
O tempo passa e, desta organização que os guerrilheiros ensinaram aos pobres, nascem as máfias criminosas que todos conhecemos hoje.
O que isso nos ensina? Nada. Simplesmente que isso aconteceu. Há quem critique o didatismo da situação desenvolvida por Lucia Murat. Isso me parece um pouco de mesquinharia. Este é, de longe, o mais perspicaz, amargo e conseqüente dos filmes recentes feitos sobre o abismo de classes no Brasil.


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