Orchestre de La Suisse Romande se apresenta hoje e amanhã na Sala São Paulo

Com um elogiado desempenho de obras de compositores da França, orquestra agora fortalece repertório germânico

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tendo como solista o fulgurante pianista francês Jean-Yves Thibaudet, 47, a Orchestre de La Suisse Romande mostra seu passado francófono e presente germânico hoje e amanhã, na Sala São Paulo.
Aberto com uma peça contemporânea ("O Céu, Até Agora tão Límpido, De Repente se Altera Terrivelmente", do suíço Michael Jarrel, estreada pela orquestra no mês passado), o programa de hoje está centrado no repertório francês que construiu a glória e a reputação da sinfônica de Genebra, com três grandes obras de Ravel: "Concerto em Sol", "Valses Nobles et Sentimentales" e "La Valse".
Amanhã, contudo, com o segundo concerto para piano de Liszt, e a sexta sinfonia de Bruckner, o repertório ilustra a inflexão austro-germânica que o maestro Marek Janowski, 69, tem adotado para incrementar a excelência da orquestra desde que assumiu sua direção artística, em 2005.
Fundada em 1918 pelo mítico Ernest Ansermet (1883-1969), a sinfônica ficou sob a direção de seu criador até a morte do maestro suíço, em 1969. "Ela foi famosa nos tempos dele, mas, depois, perdeu algo de sua reputação", explica Janowski.
"Embora nascido na Polônia, eu sou alemão, e acho que o repertório germânico é o que há de melhor para elevar o nível de uma orquestra", diz o maestro.
"Você não pode tocá-lo de maneira imprecisa." Comprova essa nova orientação o fato de a Suisse Romande -cujo catálogo fonográfico é dominado pelas grandes obras do repertório francês- participar do registro integral das sinfonias do austríaco Anton Bruckner (1824-1896) para o selo holandês Pentatone.
Janowski, contudo, está ciente da importância de não perder a reputação de excelência em música da França da orquestra. Por isso, é fundamental a colaboração com artistas como Thibaudet. "Ele é muito inspirador, conhece perfeitamente esse repertório e, na música francesa, tem muito a dizer", afirma ele.