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VIRADA CULTURAL
Êxito de público produz efeito "panela de pressão"
Cerca de 4 milhões superlotam ruas do centro de São Paulo, que ficou pequeno para o evento; na av. São João, organização pediu "passo atrás" para não "esmagar a plateia"
Guilherme Lara Campos/Folha Imagem
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COM ROSAS E CALCINHAS, WANDO LEVA MULTIDÃO AO PALCO ROMÂNTICO, ÀS 23H30 DE SÁBADO
No Arouche, o cantor arrancou gritos da plateia com sucessos como "Fogo e Paixão", antes do show de Reginaldo Rossi, que mostrou sua versão de "I Will Survive", o "hino das bichas"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Está uma panela de pressão.
O centro já não é suficiente",
disse o presidente da SPTuris,
Caio Luiz de Carvalho. Do viaduto do Chá, Carvalho observava, na noite de sábado, o público tomar as ruas da região,
atraído pela 5ª Virada Cultural,
realizada durante 24 horas, a
partir das 18h25.
Foram em torno de 4 milhões de pessoas, divididas entre as cerca de 800 atrações, estima a Prefeitura, responsável
pela Virada.
Ontem, a "pressão" aumentou perigosamente. Das caixas
de som do palco da avenida São
João, ecoou o aviso: "Vamos todos colaborar, por favor, e ir um
pouco para trás, para que as
pessoas na grade não sejam esmagadas. Por favor, um passo
para trás para que as pessoas na
grade possam respirar". Só então, às 18h05, a cantora Maria
Rita deu início ao show de encerramento da festa.
Com sobrevoos de helicóptero, o coordenador da Virada,
José Mauro Gnaspini, concluiu
que "apesar de lindas fotos [aéreas], o público terá que, em
2009, migrar de um palco para
outro com mais facilidade".
A ideia é afastar mais os palcos da próxima vez, ocupando
regiões como a do terminal
Princesa Isabel e a praça João
Mendes, para evitar que se repita o fenômeno assim descrito
pelo prefeito Gilberto Kassab:
"Os públicos de diferentes palcos acabaram se emendando".
Ao público, a terra firme bastou para dimensionar o aperto.
Às 18h30 de sábado, a circulação era tão intensa na estação
Anhangabaú que o metrô não
viu alternativa para garantir a
segurança dos usuários, a não
ser fechá-la por meia hora.
O produtor musical Billy Albuquerque, 46, que pretendia
assistir aos shows de rock na
praça da República, desistiu
diante da superlotação.
"Ao mesmo tempo em que
aumenta o público, fica mais
insuportável acompanhar a
programação da Virada", disse
ele. A Prefeitura estima que no
ano passado o público foi de
cerca de 3,5 milhões. Mais do
que o aumento, para o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, "o que ocorreu é que o espaço de circulação
ficou menor", dada a redução
do número de palcos. Foram 22
no centro, contra 26 em 2008.
Mas quem se animou a ir até
a República não arredou pé. Às
10h de ontem, a animação no
palco dedicado ao rock era tanta que surpreendia até quem se
apresentava. "Parece um sonho
isso aqui. Nunca tinha acordado antes das duas", comentou
com a plateia o vocalista da
banda CPM22, Badauí.
Já o Arouche ferveu com as
atrações bregas, ditas "românticas". Wando subiu ao palco, às
23h30, com camisa e calça pretas. Arrancou gritos com uma
série de sucessos, como "Fogo e
Paixão" ("Você é luz, é raio, estrela e luar...") e com tiradas
bem-humoradas. Após 1h20 no
palco, despediu-se das fãs atirando rosas e calcinhas.
Reginaldo Rossi veio em seguida. Entrou no palco aplaudidíssimo e, depois da segunda
música, mandou um recado:
"Só aqui no Brasil é que têm
vergonha de ser popular. Tem
três ou quatro eleitos que se
acham os intelectuais". Emendou "I Will Survive", o "hino
das bichas", segundo ele.
Na plateia, havia até quem
não gostasse do gênero, como o
casal morador do Arouche Tarcísio Cardoso, 26, e Jenifer
Souza, 22. "Dormimos mal. A
janela tremia. Ainda mais com
Wando!", disse Jenifer, que resolveu descer para a festa. "É
ruim, mas faz parte."
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