São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2011

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Brasileiros se preparam para ir a Cannes

Dois longas-metragens, um média e um curta nacionais serão projetados nas mostras da 64ª edição do festival

Autores de "Trabalhar Cansa" tentam finalizar pôster; Karim Aïnouz ainda está mixando "O Abismo Prateado"

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

O Festival de Cannes começa na próxima quarta, na Riviera Francesa. E está marcado para a noite de terça o voo dos produtores Rodrigo Teixeira e Raphael Mesquita.
Eles irão de Guarulhos a Paris agarrados a suas acompanhantes: as cópias do longa "O Abismo Prateado".
Chegando a Paris, os rolos de filme se hospedarão num laboratório para receber legendas em inglês e em francês. Só depois disso é que embarcam para Cannes, onde serão projetados no dia 17.
"O Abismo Prateado", de Karim Aïnouz -que esteve em Cannes com "Madame Satã" (2002)-, é um dos quatro filmes brasileiros convidados a participar do mais conceituado festival de cinema do mundo.
Quando a seleção para a Quinzena dos Realizadores foi anunciada, o filme ainda estava sendo finalizado. Explica-se assim a rotina de noites viradas do produtor Mesquita. Foi só na madrugada da última sexta-feira, por exemplo, que ele concluiu a lista de créditos.
Aïnouz, por sua vez, está se dividindo entre São Paulo e Rio. Aqui, é finalizada a imagem, com ajuste de cor, limpeza de negativo etc. No Rio, ele acompanha a mixagem de som. No dia 6, fica pronta a primeira cópia.
Com estrutura menor e uma mostra maior pela frente, Juliana Rojas e Marco Dutra, de "Trabalhar Cansa", tinham o filme pronto quando receberam o convite da mostra Un Certain Regard (um certo olhar), a mais importante depois da competição. Mas Cannes pede muito mais que o filme, simplesmente.
"Cai um mundo na sua cabeça", ri, com certa ansiedade, Dutra. "Chega uma ficha para preencher. E aí são seis páginas, com milhões de campos. E não para mais de chegar e-mail."
Eles prepararam trailer, fotos, 2.000 flyers e ainda estão definindo o pôster que levarão.

NA RAÇA
Se numa grande empresa são muitos os braços para atender aos pedidos de Cannes, na produtora de "Trabalhar Cansa" são só quatro os funcionários. "A gente faz de tudo: aprova pôster e vai no banco pagar Darf", diz a produtora Sara Silveira.
Os filmes brasileiros que o festival francês quis acolher foram todos feitos à margem da indústria, onde orbitam os estúdios e as distribuidoras internacionais.
"Na maioria dos casos, o que chamamos de cinema autoral é mais conhecido fora do Brasil do que aqui", diz Ricardo Alves Júnior, do experimental "Permanências".
Já a caçula dos selecionados, Alice Furtado, 23, do curta "Duelo Antes da Noite", não acha que a seleção aponte que há "mais espaço" para os brasileiros nos festivais. "O que acontece é uma renovação dos nomes a ocupar esse espaço", diz ela, que estudou cinema na Universidade Federal Fluminense.


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