|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Mostra na galeria Camargo Vilaça reúne pinturas de dez expoentes da arte contemporânea mundial
Sobra cor e falta ruído em "Hanging"
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
"Hanging", a mostra de pintura que a galeria Camargo Vilaça
inaugura hoje, se propõe, como
explica a curadora e colaboradora
da Folha Márcia Fortes no texto
do catálogo, "um amálgama das
sensibilidades que compõem a
paisagem da mais recente pintura
contemporânea".
Com obras de dez artistas provenientes de vários pontos do mundo, "Hanging" certamente compõe "uma paisagem", mas não
"a paisagem", absoluta, como
pressupõe o uso do artigo definido. Trata-se de uma paisagem bonita, mas não panorâmica, já que
evidencia o gosto da curadora por
trabalhos "prazerosos ao olhar".
Isso se reflete na escolha, por
exemplo, de artistas intimamente
ligados a um imaginário pop. "A
arte pop formou esses artistas.
Eles reformulam isso com um investimento emocional na cor, nos
volumes e na composição", disse.
Pouco atrito
Trata-se assim de um universo
atraente, mas de pouco atrito. Um
mundo onde tudo é cor, pouco é o
estranhamento, nenhum é o ruído. A norte-americana Elizabeth
Peyton, por exemplo, não avança
naquilo que mostrou na última
Bienal e comparece com um retrato realista de Mark Webber, do
grupo pop Suede.
Também não emocionam as
duas obras do inglês Alessandro
Raho, que realiza retratos hiper-realistas de amigos a partir de
fotografias tiradas por ele mesmo.
O hiper-realismo também é o artifício de Richard Phillips, que se
diz preocupado em "combinar
arte pop e a tradição secular da
pintura a óleo".
O alemão Franz Ackermann merece atenção maior. Apresenta
uma pintura da série "Mapas
Mentais", em que círculos concêntricos de cor revelam arquiteturas urbanas (reconheça em uma
delas o elevador Lacerda, de Salvador, Bahia, onde o pintor esteve
recentemente).
Christian Schumann também se
destaca, mas por seu virtuosismo.
Em um de seus dois trabalhos,
busca nas histórias em quadrinhos
os personagens de uma intrincada
colagem de heróis e vilões.
Também instigante é a tela
"Zorkon", de Sean Landers, que
canibaliza influências do cinema e
da TV ao retratar cinco seres alienígenas, que, reduzidos em uma
esquálida embarcação, observam
um tufão que se aproxima, e também da história da arte, já que se
trata de uma remissão ao quadro
"A Jangada da Medusa", de
Théodore Géricault (1791-1824).
A tela deve interessar a Paulo
Herkenhoff, curador da próxima
Bienal, já que a obra do pintor
francês é um dos leitmotivs do
evento de outubro próximo.
Por falar em Bienal, a mostra
traz ainda duas telas -já vendidas- de Beatriz Milhazes, uma
das estrelas nacionais já confirmadas para o evento.
Mostra: Hanging (coletiva de pintura)
Artistas: Franz Ackerman (Alemanha),
Alejandra Icaza (Espanha), Sean Landers
(EUA), Beatriz Milhazes (Brasil), Elizabeth
Peyton (EUA), Richard Phillips (EUA),
Alessandro Raho (Inglaterra), Christian
Schumann (EUA), Hiroshi Sugito (Japão) e
Nicola Tyson (Inglaterra)
Curadoria: Márcia Fortes
Onde: galeria Camargo Vilaça (r. Fradique
Coutinho, 1.500, tel. 011/221-7781, Vila
Madalena, São Paulo)
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às
19h; sábado, das 10h às 14h
Quanto: de R$ 2.000 a R$ 26.000
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|