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ARTES PLÁSTICAS
Bienal de São Paulo flui em tempo real na net
PRISCILA ARANTES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A seção de arte digital Net
Art, criada nesta 25ª Bienal
(http://bienalsaopaulo.terra.com.br/), oferece a possibilidade
de acesso a um tipo de produção
artística que reclama a participação do público: aqui o espectador
troca a relação contemplativa
diante do objeto artístico por uma
relação vivida num processo de
descobertas em tempo real.
Sob curadoria de Christine Mello, o fio condutor da seção de Net
Art parece pensar o espaço da
"www" enquanto uma grande
metrópole. O desafio colocado
aos nove artistas brasileiros foi explorar de forma criativa as potencialidades oferecidas pelas redes
telemáticas, desenvolvendo propostas que seriam impossíveis se
não estivessem na rede.
Apesar de estarem trabalhando
dentro de um mesmo eixo temático, os trabalhos apresentaram
propostas diversas.
Kiko Goifman e Jurandir Muller
em "Cronofagia" e Giselle Beiguelman, em "Ceci n'Est Pas un
Nike", procuraram, à sua maneira, eixo potencial telecomunicativo oferecido pela rede. Desenvolvem propostas de intervenções
coletivas e colocam em cheque o
conceito de autoria. "Plural Maps:
Lost in São Paulo", de Lúcia Leão,
e "O Sol de Sempre", de Enrica
Bernadelli, exploraram os conceitos de real e virtual.
Público e privado
Lucas Bambozzi em "Meta4walls" realiza metalinguagem
do ciberespaço discutindo os conflitos do uso público e privado gerados na rede.
Diversamente da pintura e da
escultura, que necessitam de um
suporte matérico, as obras digitais
são pura virtualidade, informações que habitam a memória do
computador.
Em "Desertesejo", de Gilbertto
Prado, e "Artemundo, Body, Pathos", de Ricardo Barreto, o público navega em ambientes de pura síntese. Artur Matuck, em "Literaterra/Landscript", evidencia o processo de criação entre o homem e a máquina.
"Ouroboros", de Diana Domingues e do Artecno, explora a simbiose do orgânico e do artificial e discute a perda dos limites entre
atividade artística e científica.
A esses artistas não interessou o
mundo visível da metrópole contemporânea, mas esse mundo invisível, imatérico e virtual da
"www". Retomam o espírito
transgressor das vanguardas do
início do século e dos artistas que
nos anos 70 e 80 procuraram explorar os meios e suportes imateriais de comunicação na prática
artística através da utilização do
videotexto, fax e "slow scan TV".
Priscila Arantes é doutoranda em arte
digital no Programa de Comunicação e
Semiótica da PUC-SP. É professora da
PUC-SP e da Universidade Anhembi Morumbi.
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