|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIA
Terceiro capítulo da cinessérie baseada na saga de J.K. Rowling tem trama mais sombria e apimentada
Nas mãos de Cuarón, Harry cresce e melhora
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa com a cena do garoto brincando escondido com
sua varinha debaixo das cobertas,
interrompido pelo tio xereta. A
cena, dúbia de propósito, define o
terceiro capítulo da cinessérie baseada na saga do bruxo mais famoso da literatura atual.
Por isso, por ser uma aventura
adolescente, mais do que infantil,
"Harry Potter e o Prisioneiro de
Azkaban" é o melhor dos três. O
outro motivo atende pelo nome
de Alfonso Cuarón. O diretor de
"E Sua Mãe Também" (2001) foi o
responsável por apimentar um
pouco a trama, deixando-a palatável também a pais e irmãos mais
velhos da garotada que é o público-alvo primeiro dos livros.
Um pouco, porque a margem
de manobra à disposição do mexicano de 42 anos não era grande,
pelo tamanho do projeto, o dinheiro envolvido e o tanto de pessoas com poder de decisão que ele
teve de responder, da escritora
J.K. Rowling ao pessoal da Warner, passando pelo diretor norte-americano Chris Columbus, que
dirigiu os dois primeiros, assina
como produtor neste e se sente
um pouco dono da série.
Ao colocar seu "OK" no contrato, Cuarón teve de engolir inclusive uma cláusula segundo a qual se
comprometia a não falar palavrões na frente do trio de atores (o
que ele compensou ensinando
bobagens em espanhol a eles).
O mexicano, escolhido pelo estúdio mais por ter dirigido a fábula "A Princesinha" ("The Little
Princess", 1995) do que por "E
Sua Mãe" (o produtor médio de
Hollywood não assiste a filme
com legenda), foi sábio.
Deixou o filme mais sombrio e
não procurou ser literal, abandonando subtramas do livro que se
perderiam na tela. Sua Hogwarts
parece menos uma Disneylândia
da magia, como nos outros, e
mais o castelo do conde Drácula.
Com a fuga do tal prisioneiro,
Sirius Black, que teria ajudado na
morte dos pais de Harry Potter e
agora vai atrás do próprio, a escola de bruxaria é guardada pelos
Dementadores, espécie de marines do além, seres que sugam a
alegria de viver das pessoas.
Mesmo os professores são mais
dúbios, ainda que no final (alguns) se revelem amigos. Aí se
destacam Emma Thompson, hilariante como a mestra de clarividência, David Thewlis (o novo
personagem professor Lupin) e o
sempre ótimo Robbie Coltrane,
como o grandalhão Rubeus Hagrid, que agora é promovido.
E a estrela da nova adaptação,
Gary Oldman, na pele de Sirius
Black, o tal prisioneiro de Azkaban, impecável -aliás, até o final
dessa cinessérie não sobrará grande ator britânico que não tenha
participado, a começar por Richard Harris (1930-2002), o professor Dumbledore original, aqui
substituído por Michael Gambon.
Já o trio de atores principais
continua fazendo o que literalmente cresceu fazendo, interpretações contidas e honestas, mas
que podem começar a derrapar
conforme a adolescência se instale, principalmente no caso do ruivo Rupert Grint (Ron), caricato
demais, e da menina Emma Watson (Hermione), que começa um
flerte perigoso com a canastrice.
Aliás, pelos cálculos dos marmanjos, já no próximo filme,
"Harry Potter e o Cálice de Fogo",
a doce Emma, que terá então 15
anos, vai começar a dar trabalho.
Harry Potter e o Prisioneiro de
Azkaban
Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
Produção: EUA, 2004
Direção: Alfonso Cuarón
Com: Daniel Radcliffe, Emma Watson
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Iguatemi e circuito
Texto Anterior: Quero ser grande Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|